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Grande final do Concurso Estadual de Queijos será em agosto; saiba onde

Ganhadores das etapas municipais, realizadas desde o início do ano, são os finalistas da disputa

Técnico da Emater diz que concursos “servem para os produtores conhecerem a qualidade do produto deles e também melhorarem o que pode ser melhorado”

O município do Serro prepara-se para sediar o Concurso Estadual dos Queijos Artesanais de Minas Gerais que será realizado em 23 de agosto em local ainda a ser definido. Os participantes são os ganhadores das etapas municipais, realizadas desde o início do ano, a cargo da Emater-MG. O prefeito da cidade, Nondas Miranda (PL) explicou, em entrevista à Itatiaia, que trinta jurados vão escolher os três melhores queijos de cada região e o vencedor vai receber a medalha Super Ouro. A entrega do prêmio está marcada para 30 de agosto.

O diretor do Departamento Técnico da Emater-MG Milton Nunes disse que os concursos são uma metodologia usada pela Emater-MG para mostrar aos produtores as qualidades dos queijos deles e também os aspectos que precisam ser trabalhados e/ou melhorados. Minas Gerais se tornou o maior produtor de queijo artesanal do país, justamente porque valorizamos o saber fazer de cada produtor e as caraterísticas regionais”, disse o diretor.

Após cada concurso, os produtores recebem um feed back dos jurados, mostrando os pontos positivos e os que carecem de atenção para que, ao final de cada ano, os queijos dos participantes ganhem ainda mais qualidade e alcance os melhores mercados”, ressalta Milton.

‘Saber-fazer’ foi transmitido de geração para geração

O queijo Minas Artesanal do Serro, em geral, é produzido em pequenas propriedades rurais distribuídas por 11 municípios da região, seguindo um “saber-fazer” transmitido de geração para geração, com leite bovino cru, “pingo” e coalho.

O “pingo”, para quem não sabe, é um soro-fermento salgado que contém diferentes bactérias láticas, obtido da dessoragem dos queijos fabricados nos dias anteriores. Cada propriedade tem o seu próprio “pingo”, que pode ser influenciado pelas condições ambientais e características, formado o chamado terroir.

O coalho é responsável pela coagulação enzimática do leite e influência na proteólise. A combinação particular do coalho com o “pingo” e as etapas de produção e maturação desses queijos de leite cru conferem atributos sensoriais únicos que permitiram sua notoriedade por parte dos consumidores e o registro de indicação geográfica (IG).

Maturação provoca alterações físico-químicas nos queijos

Outra característica marcante é o processo de maturação, que deve ser realizado na propriedade rural, e provoca alterações bioquímicas e físicas ao longo do tempo, podendo ultrapassar 60 dias. “É o que dá o diferencial do queijo do Serro, um produto com alto valor agregado, bem diferente de um produto agroindustrial”, esclarece Túlio Madureira, da grife de queijos Trem-ruá, localizada no centro histórico da cidade do Serro.

Nos queijos típicos do Serro, a casca do queijo é lavada e escovada a cada três dias, em um processo artesanal chamado de “ralação ou grossagem”, conduzido pelo affinneur (afinador, em francês), conhecido como “mestre queijeiro”. Tipicamente, os queijos do Serro possuem aparência amarela e seca, e isso tem uma explicação histórica. Antigamente, a maturação dos queijos produzidos nas propriedades rurais do Serro ocorria nos lombos de burros, em uma viagem que levava mais de 40 dias até os grandes centros urbanos, como o Rio de Janeiro.

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Maria Teresa Leal é jornalista, pós-graduada em Gestão Estratégica da Comunicação pela PUC Minas. Trabalhou nos jornais ‘Hoje em Dia’ e ‘O Tempo’ e foi analista de comunicação na Federação da Agricultura e Pecuária de MG.