O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Rio Grande do Sul (Farsul) Gedeão Pereira, disse, em entrevista exclusiva à Itatiaia que a preocupação, no momento, é salvar pessoas. “Todo o restante pode esperar”, disse. Segundo ele, a própria sede da Farsul, que fica na Cidade Baixa, no centro de Porto Alegre, está desativada por falta de energia elétrica e risco de inundação. “A cidade está fechada, com saída só para o litoral e êxodo em massa da população porque não há água potável e o comércio está desabastecido. Falta tudo”.
Enquanto isso, Gedeão conta que se reuniu com os presidentes dos sindicatos rurais para ‘acudir’ os produtores rurais no interior do estado. “Nossos olhos estão se voltando para o dia de amanhã, pensando, com calma, em como é que vamos reconstruir tudo isso porque a destruição da infraestrutura do Estado foi gigantesca”.
Segundo ele, as produções de arroz, soja, milho e frutas estão sendo mais afetadas pela falta de logística do que pelas águas. “Evidentemente, que há produtores que perderam tudo, em especial, os que estavam instalados nas encostas de rios. Mas não é uma grande quantidade”.
No norte do Estado, segundo ele, está muito difícil manter a produção láctea, de frango e de suínos. No litoral perdeu-se muita soja e ainda há arroz por colher, mas ainda não se pode quantificar as perdas. Outra situação é que produtores de leite têm jogado o produto fora porque não há como transportá-lo e alguns laticínios foram inundados ou estão sem matéria-prima para produzir as embalagens de seus produtos. “Tive notícia ainda de um produtor, na encosta do Rio Taquari, que perdeu todo o rebanho”.
Outro setor da agricultura que registrou muitas perdas, segundo Gedeão, foi o de hortaliças. O Ceasa ficou embaixo d’água e pouca coisa pode ser aproveitada. Os maiores produtores são os municípios de Bento Gonçalves e Caxias do Sul que fornecem para todo o estado, mas não estão conseguindo fazer essa distribuição pela falta de estradas. “Couve, alface, morangos e hortifrutigranjeiros em geral estão se perdendo”.