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Emater-MG e Amefa querem ajudar jovens a permanecerem no campo; entenda

Acordo entre Empresa de Pesquisa Agropecuária e escolas agrícolas visa reduzir o êxodo rural, ofertando melhores oportunidades de estudo, trabalho e renda para os jovens

Assinatura do Protocolo de Intenções ocorreu ontem (4) na sede da Emater em BH

A Emater-MG e a Associação Mineira das Escolas Família Agrícola (Amefa) querem desenvolver estratégias para incentivar a permanência de jovens no campo. Para isso, assinaram ontem (4), na sede da Emater em Belo Horizonte, um protocolo de intenções para cooperação técnico-científica entre as duas instituições.

As Escolas Famílias Agrícolas (EFAs) apresentam uma proposta pedagógica alternativa para a educação profissional, levando qualificação aos jovens moradores da zona rural. Em Minas Gerais, as 22 Escolas Famílias Agrícolas atendem cerca de 2 mil alunos.

Nós estamos com o campo envelhecido, conforme os dados do censo agropecuário, e precisamos incentivar os jovens a assumirem as propriedades e ver atratividade no trabalho rural. Vamos trabalhar em conjunto com a capacitação e oportunidades de projetos produtivos, entre outras ações. É uma união de esforços. É o tema da sucessão no campo que a gente pretende atacar fortemente com essa parceria”, salientou o diretor-presidente da Emater-MG, Otávio Maia.

O secretário-executivo da Amefa, Idalino Firmino dos Santos, explica que o termo de cooperação objetiva colocar em prática ações convergentes, como a melhoria das atividades agropecuárias e oferecer estágios para os estudantes.

“Vamos trabalhar não só a produção, mas também a agregação de valor dos produtos, cooperativismo e acesso à terra. Outro objetivo é estimular a organização dos agricultores envolvidos nas escolas, não só no sentido de produzir, mas também de gerar renda através das diversas formas de comércio, sobretudo o mercado institucional como o PAA (Programa de Aquisição de Alimentos) e o PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar). Tanto a Emater-MG como a Amefa enxergam que investir na juventude é uma forma de garantir a sucessão na agricultura familiar”, ressalta Idalino.

Escola utiliza pedagogia da alternância

Atualmente, nas EFAS, os filhos de agricultores familiares podem se qualificar gratuitamente para atuarem na propriedade de suas famílias. As escolas agrícolas utilizam a metodologia da pedagogia da alternância, processo em que o estudante vivencia, por períodos de 15 dias, um tempo na escola e outro em casa.

Quando o aluno está integralmente no espaço escolar, há disciplinas tradicionais e aulas práticas que estão conectadas à realidade no campo. Na quinzena em que voltam para casa, os estudantes aplicam o conhecimento adquirido em sua comunidade rural.

Ricardo não tinha perspectiva de fazer o ensino médio

O técnico agrícola Ricardo Ferreira Vital estudou na Escola Família Agrícola de Itaobim, de 2003 a 2005. “Assim como a minha história, eu acredito que é a história de vários jovens do Jequitinhonha. Eu não tinha perspectiva de fazer o ensino médio, pois morava numa comunidade muito distante no município de Monte Formoso. Meus pais não tinham condição de me levar para a cidade para cursar o ensino médio. Aí conheci a escola família agrícola de Itaobim que trabalha com a pedagogia da alternância. Essa pedagogia me deu condições de estudar. Permanecer no alojamento da escola me propiciou a condição para eu fazer o ensino médio profissional e me qualificar como técnico agropecuário”, recorda Ricardo.

O protocolo de intenções assinado entre a Emater-MG e a Amefa tem validade de 24 meses, podendo ser prorrogado e/ou modificado de comum acordo entre as partes.

(*) Com informações da Emater-MG.

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Maria Teresa Leal é jornalista, pós-graduada em Gestão Estratégica da Comunicação pela PUC Minas. Trabalhou nos jornais ‘Hoje em Dia’ e ‘O Tempo’ e foi analista de comunicação na Federação da Agricultura e Pecuária de MG.