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Os resultados mostraram que os golfinhos apresentavam danos cerebrais e genéticos muito parecidos com os observados em seres humanos com Alzheimer. Entre os achados estão lesões no metabolismo neuronal, acúmulo de neurotoxinas e alterações em mais de 500 genes ligados à sinapse e ao equilíbrio das funções cerebrais.
Os pesquisadores destacaram ainda uma coincidência preocupante: o aumento de encalhes ocorreu nos meses mais quentes, quando as florações tóxicas atingiram seu pico. Segundo o estudo, essas condições, intensificadas pelo aquecimento global e pela poluição, podem causar desorientação, convulsões e mudanças de comportamento nos animais, sintomas similares aos observados em pacientes humanos com Alzheimer.
Outras pesquisas já haviam mostrado que cianobactérias aquáticas liberam compostos neurotóxicos, como o ‘2,4-diaminobutírico’ (2,4-DAB), capazes de provocar degeneração neuronal. Além dos danos cerebrais, o estudo identificou perda auditiva em cerca de metade dos golfinhos analisados, associada à alteração de genes ligados à audição. Isso afeta a capacidade de orientação e aumenta o risco de encalhe e morte.
Os cientistas alertam que as florações tóxicas estão se tornando mais frequentes devido à combinação entre o aumento da temperatura e o despejo de poluentes nos ecossistemas costeiros. Segundo os autores, os golfinhos funcionam como “sentinelas do oceano”, refletindo as consequências do desequilíbrio ambiental, um sinal de que os impactos dessas toxinas podem atingir também outras espécies, inclusive os seres humanos.