O governo do estado Flórida, nos Estados Unidos, afirmou nesta quarta-feira (3) que buscará eliminar a vacinação obrigatório, inclusive para os alunos de escolas públicas. Segundo o funcionário de saúde, as imposições de vacinas “transbordam desprezo e escravidão”.
O anúncio foi feito pelo responsável estadual do Departamento de Saúde, Joseph A. Ladapo, que anunciou a medida durante uma coletiva de imprensa ao lado do governador republicano Ron DeSantis.
Joseph A. Ladapo ficou famoso na pandemia de covid-19 por se opor ao uso generalizado de máscaras e por promover uma rápida reabertura da economia. Nascido na Nigéria e médico formado em Harvard, ele argumentou que todas as imposições de vacinas “transbordam desprezo e escravidão”.
“O Departamento de Saúde da Flórida, em colaboração com o governador, trabalhará para pôr fim a todos os mandatos de vacinação na Flórida, todos, até o último deles”, declarou Ladapo na escola cristã Grace, em Valrico.
“Quem sou eu para dizer o que você deveria colocar em seu corpo?”, acrescentou. “Eu não tenho esse direito. Seu corpo é um presente de Deus”, declarou Ladapo.
Todos os estados do país têm requisitos de vacinação para os alunos de suas escolas públicas, embora a maioria permita isenções por crenças pessoais ou religiosas.
Com a eliminação de requisitos de vacinação, o estado da Flórida seria o primeiro dos Estados Unidos a abandonar uma prática considerada eficaz para limitar a proliferação de doenças infecciosas.
Repercussão
Nas últimas décadas, a Flórida obrigou seus estudantes a se vacinar contra diversas doenças, como poliomielite, sarampo ou hepatite B, para poderem frequentar as aulas.
“Estamos preocupados que o anúncio de hoje exponha as crianças das escolas públicas da Flórida a um maior risco de adoecer, o que terá um efeito dominó em nossas comunidades”, declarou nas redes sociais a seção floridiana da Academia Americana de Pediatria.
Ladapo teve confrontos com outros cientistas desde a pandemia de covid-19 e se opôs ao uso das vacinas contra a doença do tipo mRNA, que nesta quarta-feira comparou a um “veneno” para o corpo.
Em 2023, os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) rejeitaram em um comunicado as afirmações de Ladapo que relacionavam as vacinas contra a covid-19 com um risco à vida.
A iniciativa anunciada na Flórida coincide com a presença de Robert Kennedy Jr., um cético das vacinas, à frente do Departamento de Saúde dos Estados Unidos.
Desde que assumiu o cargo, Kennedy Jr. iniciou uma reforma profunda nas agências sanitárias e na política de vacinação do país, demitindo especialistas renomados, restringindo o acesso às vacinas contra a covid-19 e cortando os fundos para o desenvolvimento de novas vacinas.
*Com AFP