Ouvindo...

Profissões ameaçadas? ex-diretor do Google prevê impacto radical da inteligência artificial

Mo Gawdat alerta que programadores, criadores de conteúdo e até CEOs podem ser substituídos por máquinas em futuro próximo

Em um vídeo divulgado pela empresa 1X Technologies, robôs equipados com chips da OpenAI realizam diferentes tarefas de forma autônoma

O avanço da inteligência artificial promete transformar profundamente o mercado de trabalho, e não apenas em funções operacionais. Em entrevista ao podcast ‘Diary of a CEO’, Mo Gawdat, ex-diretor de negócios do Google X, fez previsões que desafiam a visão otimista de muitos profissionais sobre a tecnologia.

Segundo o especialista, a questão central já não é mais “se a automação vai afetar empregos, mas quão rapidamente isso vai acontecer”. Para ele, o impacto pode ser muito mais veloz do que o imaginado.

Gawdat apontou três áreas profissionais particularmente vulneráveis: desenvolvedores de software, podcasters e criadores de conteúdo, além de CEOs e executivos. “A capacidade crescente da IA de gerar código está tornando muitas funções de programação obsoletas”, destacou, citando ferramentas como GitHub Copilot e ChatGPT.

Leia também

No campo do conteúdo digital, a IA já é capaz de criar roteiros e vozes sintéticas com qualidade impressionante. Mais surpreendente, segundo ele, é que até mesmo gestores de alto escalão correm risco. “As habilidades analíticas e de tomada de decisão da IA já superam, em muitos aspectos, as capacidades humanas”, afirmou.

O executivo também explicou o conceito de Inteligência Artificial Geral (AGI), capaz de aprender qualquer habilidade humana e superá-la. Para Gawdat, o desenvolvimento dessa tecnologia não é mais uma questão de “se”, mas de “quando”.

Ele prevê uma “distopia de curto prazo”, marcada por desemprego em massa e crises sociais, especialmente em países como o Brasil, que ainda enfrentam desafios estruturais no mercado de trabalho. No entanto, lembra que transformações tecnológicas históricas também abriram novas oportunidades, como ocorreu na Revolução Industrial.

A saída, defende, é abraçar a mudança. Profissionais devem investir em aprendizagem contínua, desenvolver habilidades complementares à IA e buscar áreas que envolvem interação humana genuína e decisões éticas complexas. “O futuro do trabalho está sendo escrito agora. Cabe a cada profissional decidir se será protagonista ou espectador dessa transformação histórica”, concluiu.

Jornalista graduado com ênfase em multimídia pelo Centro Universitário Una. Com mais de 10 anos de experiência em jornalismo digital, é repórter do Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Antes, foi responsável pelo site da Revista Encontro, e redator nas agências de comunicação FBK e Viver.