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Assentos de privadas transmitem doenças? Especialistas respondem

Estudos indicam que o risco é muito baixo, mas higienização das mãos continua sendo a melhor defesa

Bactérias e vírus não sobrevivem por muito tempo fora do corpo humano, especialmente em superfícies frias

A sensação de desconforto ao entrar em banheiros públicos é comum, mas será que sentar no vaso sanitário pode realmente transmitir doenças? A resposta de especialistas ouvidos pela BBC é clara: “teoricamente, sim, mas o risco é infinitamente baixo”, afirma Jill Roberts, professora de Saúde Pública e Microbiologia da Universidade do Sul da Flórida (EUA).

Segundo Roberts, bactérias e vírus responsáveis por doenças sexualmente transmissíveis, como gonorreia e clamídia, não sobrevivem por muito tempo fora do corpo humano, especialmente em superfícies frias. “Se os assentos de vasos sanitários pudessem transferir DSTs [com facilidade], nós as veríamos frequentemente em todas as faixas etárias”, reforça. O mesmo vale para infecções do trato urinário, que são muito mais prováveis por má higienização própria do que pelo assento.

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Raras exceções

Alguns vírus resistentes, como o HPV, podem sobreviver por dias em superfícies. “Estes vírus são muito pequenos e possuem camadas de proteína muito estáveis”, explica Karen Duus, professora da Universidade Touro (EUA). Mesmo assim, a transmissão via assento só ocorreria em caso de feridas na pele. Casos semelhantes envolvem o vírus do herpes, embora a infecção também seja rara.

O verdadeiro risco

Segundo Roberts, a maior ameaça vem das mãos contaminadas ao tocar no assento ou em superfícies do banheiro e, depois, levá-las à boca. Microrganismos como ‘E. coli’, ‘Salmonella’, ‘Shigella’ e ‘norovírus’ podem estar presentes. Este último é altamente resistente e pode sobreviver por até dois meses.

Outro perigo é a chamada ‘pluma do vaso': partículas lançadas no ar após a descarga podem se espalhar pelo banheiro. “Algumas pessoas gostam de chamar de ‘espirro da privada’”, diz o virologista Charles Gerba, da Universidade do Arizona (EUA).

Como se proteger

As medidas mais eficazes continuam simples: lavar as mãos por pelo menos 20 segundos e, se possível, usar álcool em gel. Forrar o assento com papel ou usar a posição de cócoras oferece pouca proteção e pode causar problemas de saúde, como infecção urinária.

Gerba alerta que banheiros públicos geralmente são mais limpos que os domésticos, por serem higienizados várias vezes ao dia. “Na maioria dos casos, é mais seguro usar um vaso sanitário no banheiro público do que em casa”, afirma.

Por fim, especialistas reforçam: evitar levar o celular ao banheiro e reduzir o contato com superfícies é fundamental. E, se ainda houver medo, lembre-se: o risco de pegar doenças é menor do que você pensa.

Jornalista graduado com ênfase em multimídia pelo Centro Universitário Una. Com mais de 10 anos de experiência em jornalismo digital, é repórter do Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Antes, foi responsável pelo site da Revista Encontro, e redator nas agências de comunicação FBK e Viver.