No coração do
Conforme descreve o site ‘Earth.com’, a superfície reluz em azul profundo e é salpicada por algas flutuantes douradas conhecidas como sargaço, um nome herdado do português. Quem se aventura por ali encontra um ambiente silencioso e quase surreal, sem ondas e sem gritos de gaivotas; mas há vida em abundância, de minúsculos
Ecossistema
Para a ciência, o Mar dos Sargaços é um berçário oceânico de mais de 1.300 km de largura. Ali, tartarugas recém-nascidas encontram abrigo até que suas carapaças endureçam, enquanto mais de 100 espécies de invertebrados fazem do Sargaço sua casa temporária. O ecossistema também acolhe tubarões, aves marinhas e peixes migratórios, além de ser o ponto de origem e retorno das enigmáticas enguias europeias e americanas.
Aquecimento global
Apesar da calma aparente, o Mar dos Sargaços desempenha um papel crucial no equilíbrio climático do Atlântico. Suas águas absorvem calor e dióxido de carbono, redistribuindo temperaturas entre o norte e o sul. “O oceano está na temperatura mais quente dos 'últimos milhões e milhões de anos’”, alertou o oceanógrafo Nicholas Bates à LiveScience. “Isso afeta, inclusive, onde chove ou onde não chove”, completa o especialista.
Poluição
Chamado por Júlio Verne de “um lago perfeito no meio do Atlântico”, o Mar dos Sargaços hoje serve como armadilha para o lixo gerado por quatro grandes correntes oceânicas. Um estudo estimou mais de meio milhão de pedaços de detritos por milha quadrada, incluindo sacolas plásticas e equipamentos de pesca fantasmas.
Além disso, a poluição sonora interfere na comunicação das baleias, e redes de pesca soltas ameaçam tartarugas jovens. Além disso, navios rasgam os tapetes de algas, liberando metais pesados no ecossistema.
Preservação
Pesquisadores monitoram as águas do Mar dos Sargaços desde 1954. Em seis décadas, já identificaram uma elevação de 1 °C na temperatura média, suficiente para interromper a mistura vertical e afetar a cadeia alimentar marinha.
A Comissão do Mar dos Sargaços tenta, desde 2014, chamar a atenção internacional para preservar a região. Mas sem uma nação que a reivindique, proteger essas águas internacionais se torna um desafio logístico e político.
Enquanto isso, o sargaço prolifera descontroladamente em regiões como o Caribe, sobrecarregando ecossistemas costeiros e virando vilão ambiental, ironicamente, por conta do mesmo aquecimento global que ameaça sua existência no mar aberto.