A
A Anvisa aprovou o uso para pessoas de 12 a 59 anos, e a expectativa é que a cobertura seja ampliada para outros grupos. Para Esper Kallás, diretor do Instituto Butantan e professor da Faculdade de Medicina da USP, o país ganha “uma arma importante” contra uma doença que provoca surtos todos os anos e que atingiu, em 2024, sua maior epidemia.
Como a doença age
Segundo Kallás, a dengue é uma doença aguda que causa febre, dores no corpo e, em alguns casos, vermelhidão na pele. Em situações mais graves, o paciente pode apresentar sangramentos no nariz, dor abdominal intensa e desidratação, sinais que exigem atendimento hospitalar.
Os quadros mais severos são conhecidos popularmente como dengue hemorrágica, mas o termo correto é dengue grave.
A eficácia da vacina
O estudo clínico reuniu mais de 16 mil voluntários em várias regiões do país. Os resultados mostram eficácia de cerca de 75% ao longo de cinco anos de acompanhamento.
Entre os vacinados que ainda assim tiveram dengue, 93% não desenvolveram formas graves ou sinais de alerta. Kallás destaca que todos os pacientes hospitalizados que participaram do estudo estavam no grupo placebo, ou seja, não receberam a vacina.
Ele explica ao Jornal da Usp que a pessoa vacinada ainda pode contrair dengue, mas tem risco muito menor de evoluir para quadros graves. Também há impacto na transmissão: quem está imunizado e não adoece não transmite o vírus para outros mosquitos, e mesmo quando adoece, a quantidade de vírus no sangue é bem menor, reduzindo o potencial de contágio.
Por que a formulação é tetravalente
Os testes da Butantan-DV começaram em 2016 e seguiram até 2024. O tempo de pesquisa foi maior porque a vacina reúne proteção contra quatro vírus diferentes, os sorotipos 1, 2, 3 e 4 da dengue.
Kallás explica que não é viável ter uma vacina que proteja apenas contra um sorotipo, pois isso poderia criar um desequilíbrio semelhante ao risco observado quando a pessoa tem dengue pela segunda vez, situação em que a doença costuma ser mais severa.
Por isso, a formulação precisa ser combinada e equilibrada. Uma vacina tetravalente evita esse problema e garante proteção simultânea contra todos os sorotipos, aumentando a eficácia e a segurança para a população.
(Sob supervisão de Aline Campolina)