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Skincare e maquiagem para crianças? Entenda o que os pediatras dizem sobre as práticas

As crianças têm recorrido, cada vez mais cedo e com maior frequência, ao uso de cosméticos e à realização de procedimentos estéticos. O alerta é da Sociedade Brasileira de Pediatria

Na adolescência, o uso excessivo de maquiagem propicia a obstrução dos poros, o que leva ao aparecimento de acne e dermatites

Rotina de Skincare, tutoriais de maquiagem e, até mesmo, procedimentos estéticos, estão cada vez mais comuns entre crianças e adolescentes. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SPBCP), apenas nos últimos dez anos, houve um aumento de 141% no número de procedimentos entre jovens de 13 a 18 anos. Diante desse cenário, a Sociedade Brasileira de Pediatria lançou orientações sobre rotinas de autocuidado e beleza.

Vale ressaltar que, segundo a instituição, os cosméticos não são isentos de efeitos colaterais e podem desencadear o surgimento de processos imunoalérgicos. Além disso, a Sociedade Brasileira de Pediatria destaca que a “fragilidade de uma autoestima ainda em formação, aliada à busca por modelos idealizados de beleza, compõe um cenário que gera preocupação em muitas famílias.”

Confira principais orientações do órgão:

Maquiagem

A instituição indica que, durante a infância, o melhor é postergar o uso de maquiagem por quanto tempo for possível. Já na adolescência, a Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda que sejam usados poucos produtos, adequados para a idade.

Outra orientação é discutir a frequência do uso de maquiagem com os mais jovens, restrito a determinadas ocasiões. Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, estudos indicam que, aos quatro anos de idade, muitas crianças já começam a utilizar maquiagem, especialmente batom e sombra.

Vale ressaltar que a pele das crianças ainda está em desenvolvimento e o contato precoce com esses produtos pode interferir em seu processo natural.

Já na adolescência, o uso excessivo de maquiagem propicia a obstrução dos poros, o que leva ao aparecimento de acne e dermatites. Além disso, a presença de determinadas substâncias, como conservantes, também pode desencadear reações alérgicas, implicações hormonais e até toxicidade neurológica.

A Sociedade Brasileira de Pediatria também ressalta que existe ainda o risco do desenvolvimento de uma autoestima negativa, ao passo em que passa a existir uma correlação direta entre maquiagem, beleza e aceitação.

Colorir os cabelos

Intervenções mínimas no cabelo são autorizadas a partir dos 12 anos, mas apenas com produtos próprios para idade, ou seja, sem amônia, chumbo ou água oxigenada.

A Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda ainda que sejam preferidas opções temporárias, que saem após as lavagens.

Apesar disso, a instituição reforça que meninos e meninas com menos de 15 anos devem evitar colorações e outras químicas nos cabelos.

Unhas de Gel

As unhas de gel, queridinha das influenciadoras, não são recomendadas para menores de 16 anos, segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria.

A instituição ainda detalha que pessoas com diabetes e pacientes em tratamento contra câncer, sendo também contraindicado para aqueles alérgicos aos componentes do produto, que estejam com a pele sensível, portadores de psoríase ou de alguma infecção ou micose de unha.

Skincare

A rotina de autocuidado com uma série de produtos ‘anti-idade’, que combatem rugas, linhas de expressão e outros sinais de envelhecimento, estão cada vez mais comuns entre crianças e adolescentes. Vídeos com esse conteúdo para esse público viralizam nas redes e incentivam a compra de coleções de skincare.

No entanto, a prática não é indicada pela Sociedade Brasileira de Pediatria, principalmente, entre as crianças. Segunda a instituição, a pele de crianças e adolescentes tem características diferentes: é mais fina e sensível e não possui barreiras de proteção totalmente formadas.

Com isso, a Sociedade Brasileira de Pediatria reforça que a aplicação desses produtos além de desnecessária, é extremamente prejudicial. “Esses produtos são compostos por substâncias como retinóides, ácidos e antioxidantes em concentrações elevadas que podem machucar, queimar e fotossensibilizar a pele, provocando manchas, dermatites, acne e alergias”, descreve a entidade.

Além disso, a instituição reforça que, do ponto de vista psicossocial, a procura por produtos “anti-idade” ainda na adolescência contribui para uma distorção da sua autoimagem. Assim, se for para o jovem fazer algum tipo de rotina em busca de uma pele saudável, o indicado são os cuidados básicos como limpeza, hidratação e uso de filtro solar.

Piercings e Tatuagens

No caso dos piercings e das tatuagens, a entidade reforça que o diálogo é a melhor estratégia de abordagem. Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, é importante ouvir a motivação, discutir as consequências e apontar alternativas.

Em relação aos piercings, a instituição reforça que podem ocorrer alergias, sangramentos, infecções sexualmente transmitidas (Hepatite B, Hepatite C, HIV), tétano, queloides e dermatites de contato. Já no caso das tatuagens, as complicações mais frequentes são as dermatites de contato relacionadas aos pigmentos.

Em geral, a realização desses procedimentos sem autorização é de 18 anos. No entanto, é comum que os mais jovens queiram realizar um piercing ou uma tatuagem.

A Sociedade Brasileira de Pediatria aconselha que, no caso dos adolescentes, um dos responsáveis acompanhe o procedimento e fique atento se o profissional cumpre as regras básicas de higiene, como lavar e secar bem as mãos e se realiza o descarte em recipiente adequado.

Desodorantes e Antitranspirantes

O uso de antitranspirantes não é recomendado para menores de 12 anos. Já os desodorantes são produtos que apenas mascaram o mau odor axilar e podem ser usados a partir dos oito anos.

Segundo a entidade, os antitranspirantes são produtos indicados para quem transpira muito, pois quando aplicados, penetram nos ductos glandulares produzindo um gel que inibe a produção de suor excessivo.

*Sob supervisão de Enzo Menezes

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Rebeca Nicholls é estagiária do digital da Itatiaia com foco nas editorias de Cidades, Brasil e Mundo. É estudante de jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UNIBH). Tem passagem pelo Laboratório de Comunicação e Audiovisual do UniBH (CACAU), pela Federação de Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg) e pelo jornal Estado de Minas