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Saúde mental é essencial no tratamento contra o câncer, alertam especialistas

Estudos apontam que até metade dos pacientes tem comorbidades psiquiátricas

Saúde mental é essencial no tratamento do câncer

Dados do “The Oncologist” indicam que cerca de 30% a 50% dos pacientes com câncer têm alguma comorbidade psiquiátrica. A depressão é de duas a quatro vezes mais comum neles do que na população em geral.

Esses números mostram a importância de abordar a saúde mental, especialmente durante o Setembro Amarelo, mês dedicado à prevenção do suicídio e ao cuidado emocional. Para a oncologista clínica Daiana Ferraz, receber um diagnóstico de câncer é um choque emocional para qualquer pessoa.

“A qualidade da saúde mental tornou-se um pilar fundamental do tratamento, junto à quimioterapia e outras terapias tradicionais. A oncologia moderna reconhece que o cuidado eficaz não se limita ao combate ao tumor, mas também à preservação da saúde multidimensional do paciente”, explica.

Ainda segundo a especialista, que integra a equipe médica da Cetus Oncologia, uma boa saúde mental fortalece a resiliência e ajuda no tratamento contra o câncer e a enfrentar os efeitos colaterais.

“Estudos mostram que pacientes com suporte psicológico adequado apresentam melhor qualidade de vida e, em alguns casos, até maior sobrevida. Por outro lado, estresse, ansiedade e depressão podem reduzir a adesão ao tratamento, dificultando consultas, medicação e mudanças de estilo de vida, fatores que impactam diretamente a eficácia das terapias”, reforça Daiana.

Cuidado com a saúde mental

A psicóloga hospitalar Juliana Campos, também da Cetus, destaca a importância do cuidado emocional durante o tratamento oncológico. Segundo ela, “pequenas ações no dia a dia podem reduzir o estresse típico desse período”.

“Manter uma rotina, fazer pausas conscientes, evitar sobrecarga e buscar atividades que tragam prazer ajuda o paciente a lidar com os desafios do tratamento. É fundamental manter-se conectado ao que oferece conforto emocional, como a convivência com a família, o lazer, a espiritualidade ou a prática de esportes, e focar no momento presente, sem antecipar cenários futuros”, explica Juliana.

Baseada na Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), ela reforça que “nossos pensamentos influenciam emoções e comportamentos, tornando estratégias de autocuidado essenciais para atravessar o tratamento com mais segurança emocional”.

Ela recomenda ainda a prática regular de atividades físicas, sempre com orientação médica. “O exercício físico estimula a liberação de endorfina e serotonina, melhorando o bem-estar, regulando o humor e reduzindo a ansiedade”, afirma.

Técnicas de respiração consciente, como a respiração diafragmática, também são importantes. “Ao respirar de forma profunda e controlada, ativamos o sistema nervoso parassimpático, promovendo relaxamento, reduzindo a tensão e melhorando a oxigenação corporal”, acrescenta.

Juliana lembra que, quando os sintomas emocionais começam a impactar sono, apetite ou relacionamentos, “buscar apoio psicológico é fundamental. Pedir ajuda não é sinal de fraqueza, mas um ato de coragem. O suporte psicológico reduz a sensação de isolamento e oferece ferramentas para lidar com pensamentos e emoções difíceis. Junto aos tratamentos médicos, o cuidado psicológico, social e espiritual é parte essencial da jornada do paciente. Saúde mental não é um detalhe, é um pilar terapêutico”.

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