A flora vaginal é formada por diversos micro-organismos que vivem em equilíbrio para defender a vagina, a vulva e órgãos como o útero, as trompas e a bexiga. A proteção natural impede a proliferação de agentes infecciosos nessas áreas.
A acidez é a principal arma das ‘tropas’ microscópicas: um ambiente com pH ácido dificulta a sobrevivência de invasores. Os bacilos de Döderlein, bactérias benéficas que vivem na parede vaginal, são os responsáveis por manter o ambiente dessa forma.
Porém, a flora vaginal é sensível a vários fatores, portanto alterações hormonais no ciclo menstrual, uso de antibióticos ou anticoncepcionais, relações sexuais e até gravidez podem alterar a flora vaginal.
Cuidar desse ambiente é ideal para a saúde feminina. Veja algumas dicas abaixo:
Prefira calcinhas de algodão
A escolha do tipo de roupa íntima influencia diretamente na ventilação da região genital. Tecidos sintéticos dificultam a transpiração, criando um ambiente úmido e quente que favorece a proliferação de micro-organismos.
A recomendação é optar por calcinhas 100% algodão — e não apenas com o forro desse material. À noite, dormir sem roupa íntima também pode ser benéfico para manter a região mais arejada.
Não use absorventes diários
Apesar de populares, os absorventes diários não são recomendados para uso contínuo. Eles abafam a vagina e mantêm a área em contato constante com secreções, o que desequilibra a flora local e favorece a ocorrência de corrimentos. “Quanto mais se abafa a vagina com esse tipo de absorvente, maior acaba sendo a proliferação de micro-organismos, o que leva a um maior risco de corrimento”, alerta Renata Lamego.
Segundo ela, o uso desses itens leva a um ciclo vicioso: “quanto mais se usa, maior é a secreção e mais se quer usar”, explica. Em períodos de maior liberação de secreção vaginal, a orientação é levar uma calcinha extra na bolsa e trocá-la ao longo do dia, se necessário.
Evite tecidos sintéticos e roupas apertadas
Peças muito justas e confeccionadas com tecidos sintéticos ou espessos, como o jeans, dificultam a transpiração da região genital, criando um ambiente quente e úmido que favorece o crescimento de micro-organismos.
Para preservar a saúde íntima, é recomendado intercalar o uso de calças com peças mais leves e ventiladas, como saias e vestidos.
Limpe-se adequadamente após evacuar
A forma correta de higienizar a região íntima após fazer cocô é passando o papel higiênico de frente para trás. Isso evita que resíduos fecais e bactérias da região anal entrem em contato com a vagina e causem infecções.
Se possível, lave a região depois, para garantir limpeza adequada. Lenços umedecidos (sem álcool ou perfume) podem ser úteis fora de casa, promovendo uma limpeza mais completa.
Troque absorventes com frequência
Durante o período menstrual, a troca de absorventes deve ser feita, no máximo, a cada quatro horas — especialmente quando se trata de absorventes internos. Isso evita que o ambiente se torne excessivamente úmido, o que favorece a proliferação de agentes nocivos.
Além disso, o sangue tem um pH diferente do ambiente vaginal e seu contato prolongado com a mucosa pode causar irritações. Também é indicado evitar absorventes perfumados, cujas substâncias químicas podem sensibilizar a região íntima e aumentar o risco de alergias.
Prefira sabonetes suaves e neutros
A higiene íntima deve ser feita com produtos suaves, sem excesso de perfumes ou corantes. Sabonetes íntimos, apesar de formulados para essa região, podem ter efeitos diferentes em cada pessoa: enquanto algumas mulheres se adaptam bem, outras relatam aumento da sensibilidade. O ideal é observar como seu corpo reage e evitar exageros. Na dúvida, saiba que menos é mais.
Lave corretamente as calcinhas
Os cuidados com a roupa íntima começam ainda na lavanderia. O ideal é lavar as peças com sabão neutro e evitar o uso de amaciantes e produtos perfumados, que podem causar alergias ou irritações.
Após a lavagem, o mais indicado é deixar as calcinhas secarem ao sol ou em local bem ventilado. Finalizar com ferro quente ajuda a eliminar possíveis micro-organismos.
Tenha cuidado ao se depilar
Embora a depilação íntima não represente, por si só, um risco direto, a retirada total ou excessiva dos pelos pode enfraquecer uma barreira natural de proteção do corpo. Essa prática facilita a entrada de micro-organismos que podem causar infecções. Por isso, é essencial escolher locais de confiança e garantir o uso de materiais descartáveis e esterilizados.
Ducha íntima pode ser prejudicial
Apesar da ideia de “higiene extra”, o uso da ducha íntima pode causar mais mal do que bem. Esse tipo de lavagem altera o pH vaginal e elimina micro-organismos benéficos, essenciais para manter a flora equilibrada.
Caso não saiba, a vagina tem mecanismos de autolimpeza. Por isso, a higiene externa, com água e sabonete suave, já é suficiente para manter a saúde da região.
*Com Agência Einstein