Farmacêutico vai poder receitar alguns tipos de remédio? O Conselho Federal de Farmácia (CFF) diz que sim, o que provocou a revolta da classe médica.
A resolução 5/25, do CFF, aponta que, a partir de abril, o processo de prescrição de medicamentos no Brasil pode ser feito por farmacêuticos com certificação de especialista em farmácia clínica.
Segundo o CFF, a medida pode resolver uma lacuna no sistema de saúde para a clínica básica e a medicina de família. Em nota à Itatiaia, o Conselho Regional de Farmácia de Minas aponta que a prescrição não compreende medicamentos controlados ou aqueles que necessitam de notificação de receita, como os de tarja preta. Para o CRF, a atuação do farmacêutico complementaria o atendimento ao paciente e reduziria a automedicação, representando um uso mais seguro dos remédios.
Em entrevista à Itatiaia, o presidente do CRM-MG (Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais), Ricardo Hernane, rejeita a medida e reforça que a prescrição de medicamentos deve ser uma exclusividade do médico. “Repetir receita é uma coisa, mas prescrever exige mais do que simplesmente indicar um remédio. O diagnóstico é uma prerrogativa médica”, afirma.
Hernane também ponta riscos como o uso inadequado de medicamentos e o impacto na relação entre médicos e farmacêuticos. “Quando um profissional invade a área do outro, pode haver conflito. Isso não é bom para ninguém, principalmente para o paciente”.
Além disso, o presidente alerta que a mudança pode estimular a automedicação e a prescrição equivocada, com riscos até mesmo em fármacos como dipirona e paracetamol, que apesar da venda sem prescrição podem provocar efeitos colaterais - como qualquer medicamento.
* Sob supervisão de Enzo Menezes