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Coqueluche: com baixa cobertura vacinal, Brasil registra recorde de casos nos últimos quatro anos

Doença que é transmitida pelo ar afeta sobretudo as crianças pequenas; especialista alerta para vacinação, que alcançou apenas 73,12% da meta em Minas Gerais

Com a primeira morte por coqueluche no Brasil em três anos e o aumento de casos da doença, o Ministério da Saúde e órgãos estaduais e municipais têm alertado sobre a baixa cobertura vacinal. A doença que é transmitida pelo ar afeta sobretudo as crianças pequenas e tem maior risco de complicações até o primeiro ano de vida.

A Secretaria de Saúde do Paraná confirmou no último dia 25 de julho, uma morte por coqueluche no estado. A vítima é um bebê de seis meses residente na cidade de Londrina. Essa é a primeira morte no país depois de três anos sem óbitos pela doença, de acordo com informações do Ministério de Saúde.

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De acordo com o painel de Coqueluche, do Ministério da Saúde, até o dia 4 de julho, foram registrados 339 casos de coqueluche no Brasil em 2024. Esse é o maior número de casos confirmados desde 2019, quando foram registrados 1.562 casos.

O último pico epidêmico aconteceu em 2014, quando foram confirmados 8.614 casos. Desde 2020, a doença estava em queda devido à cobertura vacinal porém voltou a aumentar neste ano.

Segundo o Ministério da Saúde, dos 339 casos confirmados em 2024, 104 foram apenas no estado de São Paulo. Paraná e Minas Gerais aparecem em seguida, com 36 e 35 casos respectivamente. Veja os casos de coqueluche por estado em 2024:

  • São Paulo: 194
  • Paraná: 36
  • Minas Gerais: 35
  • Santa Catarina: 14
  • Rio de Janeiro: 13
  • Rio Grande do Sul: 12
  • Pernambuco: 11
  • Distrito Federal: 9
  • Goiás: 7
  • Rio Grande do Norte: 4
  • Mato Grosso: 2
  • Amazonas: 1
  • Rondônia: 1

Em contato com à Itatiaia, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) informou que foram registrados 275 casos suspeitos de coqueluche e 88 casos confirmados da doença neste ano, até o dia 27 de julho.

A infectologista pediátrica e professora da Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais, Andrea Luchesi, fez um alerta sobre o aumento de casos no estado nos últimos meses.

‘Devido à baixa cobertura vacinal, os casos de coqueluche dobraram neste ano se comparado ao ano passado. O Ministério da Saúde tem como meta alcançar 95% da população, porém Minas Gerais alcançou apenas 73,12% deste objetivo’, afirma a professora.

A especialista que a coqueluche é uma doença infecciosa aguda, de alta transmissibilidade e distribuição universal. O agente etiológico da coqueluche é uma bactéria, a Bordetella pertussis, um cocobacilo Gram-negativo.

'É uma importante causa de morbimortalidade infantil, comprometendo especificamente o aparelho respiratório (traqueia e brônquios) e se caracterizando por paroxismos de tosse seca. Em lactentes, especialmente os menores de seis meses, pode resultar em um número elevado de complicações e até em morte’, destaca a infectologista.

Vacinação

A principal forma de prevenção da coqueluche é a vacinação de crianças menores de 1 ano, com a aplicação de reforços aos 15 meses e aos 4 anos, além da vacinação de gestantes e puérperas e de profissionais da área da saúde.

O esquema vacinal primário é composto por três doses, aos 2 meses, 4 meses e 6 meses, da vacina penta, que protege contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e Haemophilus influenzae tipo b.

As doses de reforço são com a vacina DTP (contra difteria, tétano e coqueluche), conhecida como tríplice bacteriana, aplicadas com 15 meses e 4 anos.

Para gestantes, como alternativa de imunização passiva de recém-nascidos, recomenda-se, desde 2014, uma dose da vacina dTpa tipo adulto a cada gestação, a partir da 20ª semana. Para aquelas que perderem a oportunidade de serem vacinadas durante a gravidez, a orientação é administrar uma dose da dTpa no puerpério, o mais precocemente possível e até 45 dias pós-parto.

Desde 2019, a vacina dTpa passou a ser indicada também a profissionais da saúde, parteiras tradicionais e estagiários da área da saúde atuantes em UTI ou UCI neonatal convencional e berçários, como complemento do esquema vacinal para difteria e tétano ou como reforço para aqueles que apresentam o esquema vacinal completo para difteria e tétano.


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Giullia Gurgel é estudante de jornalismo e estagiária da Itatiaia.
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