Com a primeira morte por coqueluche no Brasil em três anos e o aumento de casos da doença, o Ministério da Saúde e órgãos estaduais e municipais têm alertado sobre a baixa cobertura vacinal. A doença que é transmitida pelo ar afeta sobretudo as crianças pequenas e tem maior risco de complicações até o primeiro ano de vida.
A Secretaria de Saúde do Paraná confirmou no último dia 25 de julho, uma morte por coqueluche no estado. A vítima é um bebê de seis meses residente na cidade de Londrina. Essa é a primeira morte no país depois de três anos sem óbitos pela doença, de acordo com informações do Ministério de Saúde.
De acordo com o painel de Coqueluche, do Ministério da Saúde, até o dia 4 de julho, foram registrados 339 casos de coqueluche no Brasil em 2024. Esse é o maior número de casos confirmados desde 2019, quando foram registrados 1.562 casos.
O último pico epidêmico aconteceu em 2014, quando foram confirmados 8.614 casos. Desde 2020, a doença estava em queda devido à cobertura vacinal porém voltou a aumentar neste ano.
Segundo o Ministério da Saúde, dos 339 casos confirmados em 2024, 104 foram apenas no estado de São Paulo. Paraná e Minas Gerais aparecem em seguida, com 36 e 35 casos respectivamente. Veja os casos de coqueluche por estado em 2024:
- São Paulo: 194
- Paraná: 36
- Minas Gerais: 35
- Santa Catarina: 14
- Rio de Janeiro: 13
- Rio Grande do Sul: 12
- Pernambuco: 11
- Distrito Federal: 9
- Goiás: 7
- Rio Grande do Norte: 4
- Mato Grosso: 2
- Amazonas: 1
- Rondônia: 1
Em contato com à Itatiaia, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) informou que foram registrados 275 casos suspeitos de coqueluche e 88 casos confirmados da doença neste ano, até o dia 27 de julho.
A infectologista pediátrica e professora da Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais, Andrea Luchesi, fez um alerta sobre o aumento de casos no estado nos últimos meses.
‘Devido à baixa cobertura vacinal, os casos de coqueluche dobraram neste ano se comparado ao ano passado. O Ministério da Saúde tem como meta alcançar 95% da população, porém Minas Gerais alcançou apenas 73,12% deste objetivo’, afirma a professora.
A especialista que a coqueluche é uma doença infecciosa aguda, de alta transmissibilidade e distribuição universal. O agente etiológico da coqueluche é uma bactéria, a Bordetella pertussis, um cocobacilo Gram-negativo.
'É uma importante causa de morbimortalidade infantil, comprometendo especificamente o aparelho respiratório (traqueia e brônquios) e se caracterizando por paroxismos de tosse seca. Em lactentes, especialmente os menores de seis meses, pode resultar em um número elevado de complicações e até em morte’, destaca a infectologista.
Vacinação
A principal forma de prevenção da coqueluche é a vacinação de crianças menores de 1 ano, com a aplicação de reforços aos 15 meses e aos 4 anos, além da vacinação de gestantes e puérperas e de profissionais da área da saúde.
O esquema vacinal primário é composto por três doses, aos 2 meses, 4 meses e 6 meses, da vacina penta, que protege contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e Haemophilus influenzae tipo b.
As doses de reforço são com a vacina DTP (contra difteria, tétano e coqueluche), conhecida como tríplice bacteriana, aplicadas com 15 meses e 4 anos.
Para gestantes, como alternativa de imunização passiva de recém-nascidos, recomenda-se, desde 2014, uma dose da vacina dTpa tipo adulto a cada gestação, a partir da 20ª semana. Para aquelas que perderem a oportunidade de serem vacinadas durante a gravidez, a orientação é administrar uma dose da dTpa no puerpério, o mais precocemente possível e até 45 dias pós-parto.
Desde 2019, a vacina dTpa passou a ser indicada também a profissionais da saúde, parteiras tradicionais e estagiários da área da saúde atuantes em UTI ou UCI neonatal convencional e berçários, como complemento do esquema vacinal para difteria e tétano ou como reforço para aqueles que apresentam o esquema vacinal completo para difteria e tétano.