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O que causa insônia? Entenda a doença e o uso de remédios como Zolpidem

Segundo estudos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), 72% dos brasileiros sofrem de doenças relacionadas ao sono, entre elas destaca-se a insônia

Dormir bem é essencial para o funcionamento do corpo. No entanto, de acordo com estudos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), 72% dos brasileiros sofrem de doenças relacionadas ao sono. Entre as doenças está a insônia, que é caracterizada pela dificuldade de iniciar o sono e mantê-lo de forma contínua durante a noite, ou pelo despertar antes do horário desejado.

A dificuldade para dormir pode estar relacionada a diversos fatores, como excesso de telas, uso de bebidas estimulantes, problemas clínicos, entre outros. Segundo médica nutróloga, Ellen Durães, identificar a causa da insônia é fundamental para um tratamento adequado.

O que causa a insônia?

  • Estresse e ansiedade: são consideradas causas extremamente comuns da insônia. Quando as pessoas estão passando por momentos de estresse elas tendem a ter uma pior qualidade do sono. ‘Elas podem tanto demorar a pegar no sono. Quanto ter despertares na madrugada, porque elas têm um quadro chamado de TAC psiquismo que é uma mente mais ativa, agitada o que acaba dificultando o relaxamento’, explica a nutróloga.
  • Declínios hormonais: outra causa muito comum de insônia acontece no grupo de mulheres que se aproximam dos 40 anos ou após esse período, que é o momento que a mulher está sofrendo declínios hormonais. Nos períodos de climatério, pré-menopausa e menopausa a mulher vai apresentar redução dos níveis de progesterona, que é um hormônio que acalma e relaxa.
  • Excesso de telas: o excesso de luminosidade também prejudica o sono, como uso de celular, computadores e televisão, principalmente perto da hora de dormir.
  • Bebidas estimulantes: ingerir bebidas contendo principalmente a cafeína, presente no café, chocolates, chás e refrigerantes também pode contribuir para a insônia.
  • Falta de vitaminas: algumas deficiências nutricionais podem ser importantes causas de insônia. ‘Para que a gente consiga sintetizar o hormônio do sono que é a melatonina, é necessário a presença de algumas vitaminas e minerais, então se a pessoa apresenta uma deficiência ela não vai conseguir produzir essa melatonina de forma adequada’, ressalta a especialista.
  • Envelhecimento: o próprio processo de envelhecimento leva uma redução da produção de melatonina e por isso as pessoas mais velhas tendem a dormir menos que as pessoas mais jovens.
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Problemas de saúde

A má qualidade do sono pode trazer vários problemas para a saúde, já que é durante o sono que vários processos metabólicos são regulados.

Uma das consequências da insônia pode ser aumento de pressão arterial, risco de diabetes, obesidade e alterações cognitivas, como distúrbios de memória. Além disso pode causar fadiga ou cansaço durante o dia e uma baixa produtividade.

‘As pessoas que dormem mal tendem a ter uma pior concentração, uma pior memória, que interfere na produção de hormônios. Os homens que dormem mal tem um risco maior de ter deficiência de testosterona', explica Ellen Durães.

Quantas horas de sono é o ideal?

Quando se fala em horas ideais para dormir, o recomendado é uma média de 7 a 8 horas por dia. No entanto, entender o relógio biológico do corpo é mais importante do que a quantidade de horas dormidas.

‘Existem pessoas, por exemplo que vão dormir 2 horas da manhã e dormem até 10h, então teoricamente dormiram 8 horas, mas isso tem um impacto importante na saúde porque nosso relógio biológico nos manda dormir quando anoitece’, afirma a especialista.

É recomendado dormir cedo o mais cedo possível, de preferência evitar passar ultrapassar das 22h30. ‘Isso para que até a madrugada por volta de 3 horas, quando o nosso corpo começa a sintetizar o cortisol, que é o hormônio que vai nos despertar, nós já tenhamos dormido uma quantidade boa de horas’, explica Durães.

Por isso, dormir cedo é muito mais importante do que só observar o número de horas dormidas.

Riscos do Zolpidem e outros remédios

Em alguns casos o tratamento recomendado para insônia é por meio de medicação. Porém, é muito importante que não haja o uso indiscriminado e que o paciente saiba os efeitos colaterais e riscos dos remédios.

Um dos medicamentos usados para insônia, o Zolpidem faz parte da lista de substâncias psicotrópicas (que agem no cérebro) controladas no Brasil. Isso porque o risco de abuso e dependência aumenta com a dose e a duração do tratamento. O remédio pode causar alucinações e amnésia.

Não é incomum ver relatos nas redes sociais de pessoas que tomaram o remédio à noite, ficaram mexendo na internet antes de dormir e acabaram comprando algo inusitado. No dia seguinte elas acordam sem se lembrar do que aconteceu.

A partir de agosto de 2024, o Zolpiden deverá conter a tarja preta em sua embalagem e o profissional que prescrevê-lo precisa estar cadastrado junto a autoridade de vigilância sanitária local.

A decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), foi tomada após o órgão verificar o aumento do uso irregular do medicamento.

Fórmulas naturais

Além dos remédios controlados, o uso de fórmulas naturais como ‘valeriana’ e ‘melatonina’ também são usadas para tratar a insônia. Embora sejam medicamentos naturais eles não isentos de efeito colateral e podem representar riscos à saúde.

‘Em algumas situações de insônia eles podem contribuir muito porém o problema é que existem alguns fitoterápicos e medicamentos naturais que podem causar efeitos adversos. É importante que seja prescrita por um profissional capacitado’, afirma a especialista.

Quando devo procurar um médico?

É necessário procurar atendimento médico, ao observar sinais de insônia. São eles:

  • Dificuldade em iniciar o sono;
  • Dificuldade em manter o sono, quando desperta várias vezes;
  • Despertar antes do desejado;
  • Resistência em ir para a cama no horário apropriado;
  • Dificuldade para dormir sem a intervenção dos pais/cuidadores.

‘Esses são sinais que realmente você não está tendo um sono reparador e por isso você tem um risco aumentado de doenças crônicas’, ressalta Durães


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Giullia Gurgel é estudante de jornalismo e estagiária da Itatiaia.
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