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Fabiana Justus completa 100 dias do transplante; entenda o que muda no tratamento

A influenciadora recebeu o transplante de medula óssea no dia 28 de março e chega no D+100 nesta sexta-feira (5)

Fabiana Justus

Nesta sexta-feira (5), completam 100 dias do transplante de medula óssa recebido pela influenciadora Fabiana Justus, de 37 anos, chamado de D+100. Ela foi diagnosticada com leucemia mieloide aguda em janeiro e recebeu a doação no dia 28 de março. Entenda o que isso significa no tratamento e o que pode mudar a partir de agora.

Recentemente, Fabiana explicou como vai funcionar a nova etapa do tratamento contra o câncer. “Pra quem não sabe.... ‘D’ é o dia do transplante. É assim que contamos os dias. D + 100 é a primeira meta! São os dias mais críticos. Depois disso a segunda meta são os primeiros seis meses pós-transplante, quando teoricamente termino de tomar os imunossupressores e também começo a tomar a maior parte das vacinas”, disse.

Em conversa com a Itatiaia, Dr. Eduardo Paton, médico hematologista, coordenador da equipe de transplante e terapia celular do Câncer Center Oncoclinicas, explica primeiramente como funciona o procedimento.

“O transplante alogênico de medula óssea ou de células hematopoéticas pode ser realizado entre parentes, irmãos, pais, mães, primos, sobrinhos, filhos, filhas ou entre não parentes. Entre não parentes a chance de encontrar um doador compatível é muito menor do que entre parentes. A compatibilidade entre os parentes pode ser até de 50% e entre não parentes a compatibilidade tem que ser entre 90 e 100%", informa.

“Para isso existem os registros de doadores de medula óssea - o Brasil possui terceiro maior registro do mundo com aproximadamente 6 milhões de doadores, atrás apenas dos norte-americanos e do europeu, aos quais nós temos acesso também e os Estados Unidos e a Europa têm acesso aos nossos registros também”, acrescenta.

Em relação ao banco de registros, o médico hematologista reforça o trabalho do Sistema Único de Saúde: “Toda essa pesquisa de doadores e coleta quando se acha um doador não aparentado, mesmo em outro país, tudo é feito pelo Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea que é mantido pelo Instituto Nacional do Câncer, mantido pelo Ministério da Saúde e pelo SUS.”

“Então uma coleta de um doador não aparentado do exterior, por exemplo, chega a custar mais de 35 mil dólares. E não importa se o paciente é do SUS, do convênio, particular, essa busca e coleta é toda paga pelo Ministério da Saúde, pelo SUS”, reforça ele.

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O que significa D+100?

O Dr. Eduardo Paton explica o que significa os primeiros 100 dias de transplante. “O dia +100 de um paciente pós-transplante é que geralmente nos primeiros três meses acontecem as principais complicações agudas: algumas infecções, reativações virais e a própria doença do enxerto contra hospedeiro que é conhecida pela sigla GVHD. O paciente, nesse período, tem que ficar perto do centro transplantador, para que possa ser avaliado com frequência, às vezes, mais de uma vez por semana”, informa.

No dia 11 de junho, Fabiana Justus chegou a ser internada novamente - mas logo recebeu alta. O médico da Oncoclinicas BH conta com qual frequência um paciente pós-transplante precisa retornar ao hospital: “Nesse período pode acontecer reinternações para tratamento de infecções ou de reativações virais, até tratamento da GVHD a forma mais grave que precisa ser tratado - que é a minoria, no geral a maioria tem a forma mais leve que é facilmente tratada ambulatorialmente. Eu diria que a minoria dos pacientes precisa ser internada após um transplante para tratar alguma dessas complicações.”

O que muda depois do D+100?

“A partir desse 100 dias o paciente começa a recuperar ainda mais a imunidade e nós podemos espaçar mais a as avaliações desses pacientes. Podem podem ser quinzenais, mensais, mas tem que ser visto periódicamente para avaliar tanto a condição da doença que pode recair mesmo tendo sido feito um transplante de medula e também desse tal de GVHD, infecções”, diz o coordenador da equipe de transplante e terapia celular do Câncer Center Oncoclinicas.

Quando um paciente pós-transplante é considerado fora de risco?

“A gente considera que o paciente está curado da doença de base da leucemia pelo menos cinco anos após o transplante. Existem formas do tal do GVHD, a forma crônica, que pode acontecer até dois, três anos após o transplante”, avalia o médico.

Ele conclui: “Então o paciente que faz o transplante, ele se torna paciente do médico transplantador para o resto da vida. O transplante não termina quando acaba. Existe uma ilusão de que se o paciente foi embora, teve alta, ele já está bem, mas não é verdade. O paciente precisa ser acompanhado durante vários anos até para tratar algumas complicações mais tardias de transplante.”


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Natasha Werneck é jornalista formada pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH). Foi repórter de Política e Cultura do Jornal Estado de Minas e já atuou em portais como Hugo Gloss e POPline. Foi estagiária da Itatiaia e retornou à empresa em 2023, como repórter de Entretenimento.