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Especialista explica como ferramenta da USP e UFMG pode contribuir no combate à dengue

Tecnologia analisa fachadas de imóveis para identificar quais áreas têm mais risco de conter criadouros do aedes aegypti

Na tentativa de aprimorar o combate aos focos do mosquito da dengue, pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Universidade de São Paulo (USP) desenvolveram uma ferramenta capaz de identificar se uma área urbana apresenta risco de conter criadouros do aedes aegypti com base em imagens das fachadas dos imóveis.

O projeto é coordenado pelo professor Jefferson Alex dos Santos, do Departamento de Ciência da Computação da UFMG e da Universidade de Stirling, no Reino Unido. O especialista explica que a ferramenta pode aprimorar o trabalho dos agentes de endemias ao indicar não exatamente onde o mosquito está, mas sim as áreas de maior risco de infestação.

‘A análise é feita com base em aspectos ambientais e arquiteturais das casas e principalmente conforme as condições do imóvel. Acho que a melhor forma de enxergar como que a ferramenta funciona é você pensar em um sistema de auxílio diagnóstico médico, como um raio-x, por exemplo. Assim como esse exame ajuda o médico a identificar um possível tumor, a ferramenta pode ajudar os agentes de saúde a identificar quais partes de um bairro ou uma cidade carecem de maior atenção’.

Os primeiros testes já foram feitos em Campinas, no interior de São Paulo, e os pesquisadores aguardam financiamento para testar em mais quatro cidades paulistas. Com o projeto, os pesquisadores esperam conseguir mostrar para o poder público que o trabalho de combate a dengue pode ser mais eficiente com o auxílio da tecnologia.

‘Eu sou um professor de computação, mas o que eu aprendi nessa interação com os agentes de saúde e com as equipes da saúde pública é que existe uma falha muito grande no programa nacional de combate à dengue. Por exemplo, existe um esforço muito grande dos agentes de saúde em áreas extensas. Você pega Belo Horizonte, por exemplo. Os agentes de saúde tem que cobrir de forma igual, basicamente, todos os bairros da cidade. Se você focasse em áreas específicas, que tenham maior chance de ter infestação, ao invés de espalhar esse recurso humano que é escasso, o combate à dengue seria mais efetivo’, explica Jefferson.

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Projeto inovador

Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Universidade de Sheffield, no Reino Unido, desenvolveram um modelo computacional capaz de identificar se uma área urbana apresenta risco para criadouros do mosquito Aedes aegypti com base em fotos das fachadas dos imóveis.

Os primeiros resultados do projeto, que foi testado em Campinas, no interior de São Paulo, foram divulgados em artigo sem revisão por pares. Os próximos passos do projeto incluem a validação da técnica em cidades de tamanhos e características distintas de Campinas.

Conforme os pesquisadores, estão previstas as cidades de Indaiatuba, Santa Barbára do Oeste, Ribeiro Preto e São José do Rio Preto. Uma vez validada, a metodologia poderá ser aplicada em qualquer município brasileiro.

Os pesquisadores acreditam que poderão indicar aos municípios as regiões com maior probabilidade de se encontrar o vetor e, portanto, maior risco de doenças como dengue, zika e chikungunya.

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Jornalista há 15 anos, com experiência em impresso, online, rádio, TV e assessoria de comunicação. É repórter da Itatiaia em São Paulo.
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