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Entenda por que casos graves de dengue não são mais chamados de ‘dengue hemorrágica’

Termo deixou de ser usado pela OMS em 2009, com a mudança sendo adotada pelo Ministério da Saúde em 2014

Quase 700 mil pessoas já foram infectadas pela dengue em 2024

O Brasil tem quase 700 mil casos prováveis de dengue e 122 mortes confirmadas pela doença, segundo o Ministério da Saúde. A escalada histórica da doença pressiona o sistema de saúde e deixa a população preocupada. Além das mortes confirmadas, mais de 400 óbitos possivelmente causados pela doença ainda são investigadas.

Um dos sintomas mais conhecidos do quadro grave da dengue é a hemorragia, mas muitas pessoas notaram que o termo ‘dengue hemorrágica’ está sendo raramente citado por especialistas e pela imprensa. Afinal, por que não o conceito de ‘dengue hemorrágica’ não é mais usado? A explicação envolve os sintomas da doença grave e uma determinação da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Por que não se fala mais dengue hemorrágica?

O médico infectologista Adelino Melo explica que a mudança de nomenclatura foi proposta pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2009 e adotada pelo Ministério da Saúde em 2014. O motivo apresentado foi a confusão causada pelo termo, que inclusive atrapalhava algumas pessoas de entenderem que estavam com um quadro grave da doença.

‘O nome dengue hemorrágica é muito conhecido, mas nem todos casos graves da doença tem hemorragia e nem todos os casos com hemorragia são de extrema gravidade. Com isso, passou a ser dengue grave ou síndrome de choque do dengue’.

Leandro Curi, que também é médico infectologista, explica que a hemorragia é só um dos possíveis sintomas da dengue e afirma que a mudança e reclassificação de termos na Medicina é algo natural. Ele explica que é possível haver casos de pacientes com dengue que apresentam febre, mal-estar, ficam internados e morrem sem apresentar hemorragia. Leandro também fala sobre outros sintomas da doença.

‘Dor abdominal, queda abrupta de pressão e outros problemas mais sérios no organismo, incluindo cerebrais. Então a gente está falando de uma série de sinais e sintomas, entre eles a hemorragia. O certo é dengue grave, pois é uma classificação mais ampla e muito mais correta’.

Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) informou que passou a utilizar os termos ‘dengue com sinais de alarme’ ou ‘dengue grave’, dependendo dos sinais e sintomas apresentados no curso da doença.

Fique em alerta para os sintomas de dengue grave

Além da hemorragia, Leandro Curi destaca alguns sintomas da doença que devem deixar o paciente em alerta. O choque distributivo, que é a distribuição ruim de sangue por baixa pressão, é um dos sinais mais graves da dengue tipo D. Febre, complicação abdominal, letargia e alterações no fígado

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Quando procurar atendimento?

O especialista alerta que, caso o repouso e a hidratação não sejam suficientes para a melhora e o paciente esteja piorando, é melhor procurar o atendimento médico. Curi relembra dos riscos da automedicação: ‘utilizar medicamentos como anti-inflamatórios ou até o paracetamol pode causar a piora do paciente. No caso de uma dengue hemorrágica, o anti-inflamatório pode complicar muito a situação desse organismo’.

Quais são os sintomas da dengue?

O quadro sintomático da dengue inclui, segundo o Ministério da Saúde:

  • Febre alta (maior que 38ºC);
  • Dor no corpo e nas articulações;
  • Dor atrás dos olhos;
  • Mal-estar;
  • Falta de apetite;
  • Dor de cabeça;
  • Manchas vermelhas no corpo;

Além desses sintomas, o Ministério de Saúde recomenda que as pessoas estejam atentas aos sinais de alerta e de agravamento do quadro, que podem levar a choque grave e até morte. Os sinais de alarma são os seguintes:

  • Dor abdominal intensa e contínua;
  • Vômitos persistentes;
  • Acúmulo de líquidos;
  • Letargia ou irritabilidade;
  • Aumento progressivo do hematócrito;
  • Sangramento de mucosa.

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Jornalista formado pela UFMG, com passagens pela Rádio UFMG Educativa, R7/Record e Portal Inset/Banco Inter. Colecionador de discos de vinil, apaixonado por livros e muito curioso.