Dra. Camila Aramuni: as canetas emagrecedoras funcionam mesmo?

Medicamentos ajudam no emagrecimento, mas exigem critério e acompanhamento

Dra. Camila Aramuni as canetas emagrecedoras funcionam mesmo

As canetas emagrecedoras passaram a ocupar espaço central nas discussões sobre saúde e emagrecimento. O interesse cresce à medida que mais pessoas observam resultados concretos, mas também surgem dúvidas sobre segurança, indicação e expectativas reais. “Esses medicamentos não são soluções estéticas rápidas, eles fazem parte de um tratamento médico e metabólico”, explica a Dra. Camila Aramuni logo no início da conversa.

Essas canetas são medicamentos injetáveis de uso subcutâneo que contêm fármacos análogos ou agonistas do receptor hormonal GLP-1. Em alguns casos, também atuam como agonistas duais dos receptores GIP e GLP-1. Entre as substâncias mais conhecidas estão a semaglutida, a liraglutida e a tirzepatida. Embora esses hormônios já existam naturalmente no organismo, sua ação nos medicamentos ocorre de forma mais intensa e prolongada, o que explica os efeitos observados no controle do peso.

Como esses medicamentos agem no organismo

A atuação do GLP-1 acontece em diferentes sistemas do corpo. No sistema nervoso central, ele regula os centros de fome e saciedade, ajudando a reduzir o apetite e o consumo alimentar excessivo. No trato gastrointestinal, diminui o esvaziamento gástrico, prolongando a sensação de estômago cheio após as refeições. Esse conjunto de ações favorece uma ingestão calórica menor de forma mais espontânea.

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Além disso, o GLP-1 exerce efeito direto sobre o tecido adiposo, estimulando a lipólise, processo responsável pela quebra da gordura armazenada. No fígado, contribui para a redução da gordura visceral e da esteatose hepática. Já no pâncreas, melhora a sensibilidade à insulina, ajudando no controle da glicose e beneficiando especialmente pacientes com diabetes ou resistência insulínica.

Quem pode se beneficiar do tratamento

Apesar da popularização, a indicação das canetas emagrecedoras segue critérios clínicos bem definidos. O uso é recomendado principalmente para pessoas com índice de massa corporal acima de 30 ou para indivíduos com sobrepeso associado a comorbidades, como hipertensão, dislipidemia ou diabetes. Fora desses contextos, a avaliação médica se torna ainda mais criteriosa.

A Organização Mundial da Saúde reconhece a obesidade como uma condição crônica e multifatorial. Fatores genéticos, hormonais, psicológicos, culturais e ambientais influenciam diretamente o ganho de peso e a dificuldade de emagrecimento. Esse entendimento sustenta o uso de terapias farmacológicas como parte de um tratamento contínuo e estruturado, e não como uma intervenção temporária ou apenas estética.

Medicamento não substitui mudança de hábitos

Um ponto central do tratamento é compreender que as canetas não atuam de forma isolada. Elas oferecem suporte metabólico, mas não substituem hábitos saudáveis. “O medicamento ajuda a controlar a fome e facilita a adesão ao plano alimentar, mas ele não funciona sozinho”, explica a Dra. Camila Aramuni. Por isso, o acompanhamento nutricional e a prática regular de atividade física continuam sendo pilares indispensáveis.

As diretrizes internacionais mais recentes reforçam que o uso dessas medicações deve estar sempre associado a intervenções comportamentais estruturadas. Na prática, o medicamento cria uma janela de oportunidade para que o paciente consiga reorganizar sua rotina alimentar, melhorar escolhas e manter constância nos cuidados com a saúde.

Efeitos colaterais mais comuns

Como qualquer medicamento, as canetas emagrecedoras podem causar efeitos colaterais. Os mais frequentes são os gastrointestinais, como náuseas, refluxo, vômitos, diarreia e constipação. Esses sintomas costumam surgir nos primeiros meses de uso ou durante o ajuste da dose, sendo geralmente transitórios.

O acompanhamento médico é fundamental para orientar a progressão da dose e reduzir desconfortos. “Quando a dose é ajustada corretamente e a alimentação é bem orientada, a maioria dos pacientes tolera bem o tratamento”, afirma a Dra. Camila Aramuni. O suporte nutricional também contribui para garantir o aporte adequado de fibras, proteínas e eletrólitos durante esse período de adaptação.

Riscos à saúde e perfil de segurança

Os riscos graves associados ao uso das canetas emagrecedoras são considerados baixos quando o tratamento é bem indicado. Há relatos raros de gastroparesia, condição que retarda o esvaziamento do estômago, e de obstrução intestinal. Também existe um leve aumento no risco de doenças da vesícula biliar, geralmente mais relacionado à perda de peso rápida do que ao medicamento em si.

Esses riscos tendem a aumentar quando há automedicação, uso sem critério ou ausência de acompanhamento profissional. Quando o paciente segue orientação médica e nutriccional adequada, o perfil de segurança é considerado aceitável para a maioria das pessoas.

Alimentação ganha papel estratégico

Durante o uso das canetas, a alimentação assume papel ainda mais estratégico. A recomendação de proteínas costuma ser aumentada para preservar a massa muscular e manter o metabolismo ativo. Em muitos casos, a ingestão diária indicada varia entre 1,8 e 2 gramas de proteína por quilo de peso corporal.

Para alcançar esse objetivo, pode ser necessário recorrer a suplementos proteicos, sempre com orientação profissional. O foco não é substituir refeições, mas complementar a dieta quando o apetite reduzido dificulta o consumo adequado de nutrientes essenciais.

Hidratação e fibras fazem diferença

A hidratação adequada merece atenção especial ao longo do tratamento. Além da ingestão de água, a inclusão de eletrólitos pode ajudar a prevenir desidratação e contribuir para a saúde intestinal. Esse cuidado se torna ainda mais importante em pacientes que apresentam náuseas ou redução significativa da ingestão alimentar.

O aumento do consumo de fibras auxilia na melhora da motilidade intestinal e na redução da constipação. Fontes como frutas, verduras, aveia, chia, linhaça e suplementos como psyllium ajudam a atingir a recomendação diária de 25 a 30 gramas, promovendo mais conforto e regularidade intestinal.

Informação como parte do cuidado

As canetas emagrecedoras podem ser aliadas importantes no tratamento da obesidade e do sobrepeso quando usadas com responsabilidade. Elas não representam soluções mágicas, mas ferramentas terapêuticas que exigem acompanhamento e comprometimento. “Informação correta ajuda o paciente a entender que o tratamento é contínuo e depende de escolhas diárias”, resume a Dra. Camila Aramuni.

Quando ciência, acompanhamento profissional e mudança de hábitos caminham juntos, os resultados tendem a ser mais seguros, eficazes e sustentáveis.

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Profissional de Comunicação. Head de Marketing da Metalvest. Líder da Agência de Notícias da Abrasel. Ex-atleta profissional de skate. Escreve sobre estilo de vida todos os dias na Itatiaia e na CNN Brasil.

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