A Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados vai ingressar com uma representação formal na Corregedoria Parlamentar contra o deputado Evair de Melo (PP-ES) por ofensas feitas à ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, durante sessão na quarta-feira (2).
As falas do parlamentar foram classificadas pela Secretaria como “desrespeitosas” e “incompatíveis com os princípios democráticos e o decoro parlamentar”. Evair de Melo chamou Marina Silva de “adestrada” e comparou sua atuação à de grupos extremistas como as Farc, Hamas e Hezbollah. Além disso, afirmou que o ministério está em “péssimas mãos” e chamou a ministra de “mal educada”.
Confronto e reação na Câmara
Durante a sessão na Comissão de Agricultura e Pecuária, Marina Silva respondeu com ironia ao deputado, que a questionava se ela conhecia o psicanalista francês Jacques Lacan. Em entrevista, Marina declarou que não iria rebater as acusações:
“Hoje de manhã fiz uma longa oração e pedi a Deus para me dar calma porque sabia que, depois do que aconteceu no Senado, as pessoas achariam normal o que está acontecendo aqui, em um nível piorado. Mas acho que Deus me ouviu porque estou em paz.”
Manifestação oficial da Secretaria da Mulher
A Secretaria da Mulher emitiu uma nota na qual repudia as ofensas contra a ministra e anuncia a representação contra o deputado:
“A Secretaria da Mulher manifesta seu repúdio aos ataques proferidos contra a ministra Marina Silva durante audiência na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural. As ofensas são incompatíveis com os princípios democráticos e o decoro parlamentar que devem nortear esta Casa.
Diante da gravidade, encaminharemos representação formal à Corregedoria Parlamentar para que sejam adotadas as medidas cabíveis. Atuaremos com firmeza em quaisquer casos de desrespeito a deputadas.É urgente interromper a escalada de violência política de gênero, que visa intimidar e silenciar mulheres em posições de liderança.
A Câmara dos Deputados, guardiã da Lei nº 14.192/2021, que trata da violência política de gênero, não pode ser conivente com sua violação. Observamos uma banalização do espaço parlamentar, onde autoridades convocadas para contribuir com debates públicos são alvo de ataques pessoais, transformando audiências em palanques de intolerância.
Essa prática antidemocrática enfraquece a democracia e aprofunda a cisão social, e não pode ser tolerada.Reafirmamos nosso compromisso com o respeito às mulheres na política e a integridade desta Casa, exigindo responsabilização por condutas que atentam contra a dignidade, a democracia e o mandato das mulheres parlamentares.”
