Privatização da Copasa: Parecer é distribuído e debate deve voltar à noite na ALMG

Projeto tem discussão marcada para as 18h desta terça-feira (18); reunião será antecedida por audiência pública com presença do presidente da companhia

Deputados da base governista, Gustavo Valadares (PSD)— de frente—, Adalclever Lopes (PSD) e João Magalhães (MDB) conversam na Comissão de Administração Pública

O parecer sobre o Projeto de Lei (PL) 4.380/2025, que prevê a privatização da Copasa, foi distribuído em avulso na manhã desta terça-feira (18) na Comissão de Administração Pública (APU) da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). A manobra exige um intervalo mínimo de seis horas para que o texto volte a ser discutido, o que deve acontecer ainda no fim desta tarde.

A reunião na APU foi aberta às 10h e, em meio aos esforços de obstrução da oposição, o deputado Rodrigo Lopes (União Brasil) foi designado relator do projeto do governador Romeu Zema (Novo) para privatizar a Copasa.

A distribuição do parecer em avulso é uma estratégia para evitar que algum parlamentar da oposição peça vista e obrigue que a discussão do texto em comissão seja postergada em 24 horas.

O intervalo de seis horas entre a reunião matinal da APU e a retomada do debate previsto para as 18h não será de calmaria na Assembleia. Às 14h, uma audiência pública está marcada para debater o projeto de privatização com a presença confirmada do presidente da Copasa, Fernando Passalio.

A sessão deve ser marcada por casa cheia com presença em massa de servidores da Copasa. Em outubro, durante a tramitação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que derrubou a exigência de um referendo popular para a privatização da companhia, milhares de trabalhadores lotaram a Casa em uma das maiores manifestações da história recente da Assembleia de Minas.

Tramitação da privatização da Copasa

Na noite de segunda-feira (17), o PL 4.380/2025 foi aprovado após dias de negociações e reuniões canceladas na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Esta foi a primeira etapa de tramitação do projeto na Assembleia.

O parecer aprovado na CCJ trouxe um substitutivo que acrescentou ao texto original metas de universalização do saneamento, a manutenção da tarifa social e a garantia de uma estabilidade temporária de 18 meses aos servidores da Copasa.

Se aprovado na Comissão de Administração Pública, o projeto de privatização da Copasa deve ainda passar pela Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária (FFO) antes de ser votado em plenário em primeiro turno. O texto deve ser aprovado em dois turnos e, por norma constitucional, precisa de quórum qualificado de três quintos da casa — 48 dos 77 deputados.

Copasa no Propag

A privatização da Copasa, bem como da Gasmig e da Cemig, já integrava a pauta do governo Zema desde o primeiro mandato, mas ganhou novo fôlego com a criação do Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag). Com o projeto permitindo a privatização e federalização de ativos como forma de pagar a dívida com a União, vários projetos da pauta privatista do Executivo andaram na Assembleia após anos parados.

O Propag prevê que estados refinanciem em 30 anos a dívida com a União e estabelece mecanismos para reduzir os juros cobrados sobre as parcelas. O projeto do Executivo Estadual é ingressar no programa abatendo 20% do estoque devido.

Para obter o valor necessário na amortização da dívida, o Executivo enviou projetos para federalizar ou privatizar estatais à Assembleia. No caso da Copasa, além do texto específico que trata sobre a venda da companhia de saneamento, o governo precisou retirar da constituição a necessidade de realizar um referendo para autorização da privatização.

Hoje os juros são indexados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mais 4% ao ano. Se o estado conseguir amortizar 20% do estoque da dívida, dois pontos percentuais da cobrança adicional são abatidos.

Como foi a tramitação da PEC do Referendo para a Copasa

A mudança na Constituição foi aprovada em primeiro turno em uma reunião longa e conturbada no plenário. Marcada para as 18h da última quinta-feira (23) a votação foi estendida madrugada adentro e durou até as 04h30 da madrugada, quando 52 deputados governistas superaram a marca dos 48 votos exigidos para a aprovação da PEC.

Na semana passada, diante da obstrução da oposição, o presidente da Assembleia, Tadeu Martins Leite (MDB) marcou reuniões para 0h01, 06h e 12h da sexta-feira.

A empreitada pela privatização da Copasa, além da PEC 24/2023, inclui o Projeto de Lei (PL)4380/2025, que versa especificamente sobre a venda da companhia em si. O texto ainda está em sua primeira etapa de tramitação, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Antes de ser votada em primeiro turno no plenário, a proposta ainda deve passar pelas comissões de Administração Pública (APU); e Fiscalização Financeira e Orçamentária (FFO).

No segundo turno, a chamada PEC do Referendo foi aprovada pela conta mínima de 48 votos favoráveis contra 22 contrários na tarde de quarta-feira. A sessão durou mais de sete horas e foi marcada por situações inusitadas como a inversão de papéis entre base e oposição no momento de obstrução da pauta; uma troca de empurrões entre deputados; e com a validade do voto definitivo para a aprovação do texto feita através de análises das câmeras da Assembleia.

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Repórter de política da Itatiaia, é jornalista formado pela UFMG com graduação também em Relações Públicas. Foi repórter de cidades no Hoje em Dia. No jornal Estado de Minas, trabalhou na editoria de Política com contribuições para a coluna do caderno e para o suplemento de literatura.

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