Parlamentares da oposição ampliaram, nesta terça-feira (6), as ações de obstrução iniciadas no Congresso, logo na retomada dos trabalhos legislativos após o recesso parlamentar. Depois de ocuparem os plenários da Câmara dos Deputados e do Senado, os opositores passaram a ocupar também o auditório Nereu Ramos, em resposta a uma tentativa de realização de uma sessão secreta por parte de deputados governistas, descoberta e rapidamente barrada.
As sessões nas duas Casas seguem suspensas. Lideranças parlamentares estão convocadas para reuniões nas residências oficiais da Câmara e do Senado, com o objetivo de discutir saídas para o impasse, mas a oposição já anunciou que não pretende participar. Em vez disso, articula encontros paralelos com o presidente da Câmara, Arthur Lira, o líder do Republicanos, Hugo Motta, e o presidente do Congresso, senador Davi Alcolumbre.
O grupo opositor tenta pressionar o Legislativo a pautar o que eles chamam de “pacote da paz”, um conjunto de propostas que inclui a anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, o impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes e o fim do foro privilegiado para parlamentares.
A ofensiva da oposição ganhou força após a decisão de Moraes, anunciada na segunda-feira (4), que determinou a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), acusado de violar medidas cautelares ao se comunicar com apoiadores por meio de terceiros. A defesa de Bolsonaro nega irregularidades, mas a base bolsonarista considera a decisão uma “retaliação política”.
Apesar da medida restritiva, Bolsonaro passou a ter o direito, a partir desta terça-feira, de receber visitas de familiares próximos, incluindo os filhos, netos, a cunhada. A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, a enteada e a filha mais nova têm autorização para visitas a qualquer momento.
A expectativa, agora, recai sobre os próximos passos dos presidentes das Casas e sua capacidade de retomar os trabalhos em meio ao impasse.