O tenente-coronel Mauro Cid prestou novo depoimento nesta segunda-feira (14) em audiência conduzida pelo ministro Alexandre de Moraes, no âmbito das investigações sobre os atos golpistas de 8 de janeiro. Desta vez, Cid respondeu aos questionamentos do advogado Jeffrey Chiquini, que representa Filipe Martins, ex-assessor especial de Jair Bolsonaro e réu no caso.
Durante a oitiva, a defesa buscou esclarecer a participação de Martins em reuniões com o então presidente e integrantes das Forças Armadas. O advogado alegou que Filipe Martins esteve presente em um encontro com os comandantes das três forças militares e Bolsonaro, e questionou a veracidade do depoimento do general Freire Gomes, que havia negado a presença de Martins na ocasião.
Cid confirmou que Filipe Martins estava presente na reunião, contrariando a versão de Freire Gomes. O advogado insistiu: “O senhor tem algum problema pessoal com o general Freire Gomes?” ao que Cid respondeu: “Não.”
Em diversos momentos, o depoente afirmou não se lembrar de datas exatas relacionadas às reuniões, tampouco dos horários ou locais. Questionado se havia fornecido datas específicas em sua delação premiada, Cid respondeu que não: “Não lembro das datas, por isso não dei precisão nenhuma.” Ele também afirmou que não teve acesso a nenhum documento da Polícia Federal que confirmasse as datas dos eventos citados, mas que reconhece algumas informações com base nas investigações em curso.
O advogado citou datas específicas, como 18 de novembro, 6 e 7 de dezembro de 2022, tentando associá-las aos encontros. Cid disse que não se recorda da reunião de 18 de novembro, mas reconheceu que 7 de dezembro foi a data da reunião com os comandantes militares, de acordo com o que foi estabelecido pela Polícia Federal. Reforçou, no entanto, que ele não participava diretamente das reuniões, mas conhecia os fatos a partir das apurações oficiais.
Outro ponto abordado foi a viagem de Bolsonaro aos Estados Unidos em 30 de dezembro de 2022. O advogado mencionou uma lista de passageiros que constava na delação de Cid, indicando nomes como Michelle Bolsonaro, Filipe Martins, coronéis Marcelo Câmara, Eduardo Bacellar, Gustavo Suarez e o próprio Mauro Cid, em voo partindo de Brasília para Orlando.
Cid esclareceu que Filipe Martins constava na lista provisória, mas não embarcou no avião presidencial. Segundo ele, apenas os nomes da lista final eram efetivamente confirmados. Ao ser questionado se Martins era um dos auxiliares mais próximos de Bolsonaro, Cid respondeu que não havia tanta convivência no dia a dia, embora tivessem viajado juntos em algumas ocasiões.
