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Cid nega plano de execução de golpe e diz desconhecer ações de campo

Ex-ajudante de ordens de Bolsonaro afirmou que participou apenas de reuniões e que não presenciou planejamento militar ou atentado contra a democracia

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)

Durante novo trecho da audiência desta segunda-feira (14), Mauro Cid negou a existência de planos concretos para um golpe de Estado. Respondendo a perguntas da defesa de Filipe Martins, ex-assessor especial de Jair Bolsonaro, Cid afirmou que não teve conhecimento de ações de campo, operações práticas ou ordens direcionadas às Forças Armadas para a execução de qualquer golpe.

Segundo ele, nunca houve um planejamento militar formal, tampouco a execução de atos que configurassem atentado à democracia. Cid destacou que as reuniões que presenciou com Bolsonaro envolviam apenas debates e apresentações de documentos, não ordens operacionais. “Eu nunca relatei plano de golpe. O que existiam eram reuniões com o presidente”, disse.

Ao ser questionado se os documentos debatidos citavam morte de autoridades ou ministros da Suprema Corte, Cid foi categórico: “Não havia menção a assassinatos.”

O advogado também questionou se havia alguma minuta assinada por Bolsonaro ou qualquer outra autoridade. Cid respondeu que nunca viu documento assinado. Sobre a minuta encontrada com Anderson Torres, que sugeria prisão de autoridades, Cid disse que não teve contato com o conteúdo. O ministro Alexandre de Moraes interveio durante a audiência para corrigir o advogado da defesa, que havia se referido ao documento como uma “minuta do Google”, pedindo que a pergunta fosse refeita de forma objetiva.

Outro ponto abordado foi o motivo de Cid não ter mencionado Filipe Martins em comunicações com o general Freire Gomes, mesmo sendo Martins uma das figuras citadas em sua delação. Cid respondeu que, quando conversava com o general, mencionava nomes sim, mas não se recorda com precisão se chegou a citar Martins especificamente.

Ao final, o advogado perguntou se Cid participou de reuniões com integrantes das Forças Especiais das Forças Armadas. Ele confirmou a participação em um encontro no Quartel-General do Exército, em novembro de 2022, após as eleições, mas descreveu o evento como um “encontro informal entre amigos”, no qual se discutiam diversos temas, inclusive política.

Aline Pessanha é jornalista, com Pós-graduação em Marketing e Comunicação Integrada pela FACHA - RJ. Possui passagem pelo Grupo Bandeirantes de Comunicação, como repórter de TV e de rádio, além de ter sido repórter na Inter TV, afiliada da Rede Globo.