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Brasil pode sofrer sanções comerciais dos EUA nos próximos 90 dias, alertam senadores

Proposta que deve ser aprovada pelo Congresso prevê sanções automáticas a países que mantiverem comércio com a Rússia; Brasil pode ser atingido

Senadores que integram a comitiva brasileira se reuniram com democratas e um republicano durante a agenda

Em meio às tensões comerciais entre Brasil e Estados Unidos, senadores brasileiros que estão em missão oficial em Washington alertaram nesta quarta-feira (30) para uma nova ameaça no horizonte: uma proposta de lei bipartidária no Congresso norte-americano que prevê sanções automáticas a países que mantiverem relações comerciais com a Rússia. Segundo os parlamentares, a medida pode ser aprovada em até 90 dias e teria impactos mais graves que o tarifaço anunciado pelo presidente Donald Trump contra produtos brasileiros.

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“Será uma lei americana que vai impor contra os dois partidos, que já são claros de que aprovarão essa lei. Não será, portanto, uma decisão do presidente dos Estados Unidos. Será uma decisão do Congresso americano”, afirmou o senador Carlos Viana (Podemos-MG).

Os parlamentares brasileiros relataram que foram pressionados, especialmente por parlamentares do Partido Democrata - oposição a Trump -, a rever os acordos comerciais com Moscou, sob o risco de uma “crise pior” atingir o Brasil. A iniciativa seria uma forma de pressionar o presidente russo Vladimir Putin a aceitar um cessar-fogo com a Ucrânia.

O que pode ser feito?

Apesar das dificuldades, os senadores enxergam uma possível brecha: há, segundo eles, disposição no Congresso americano para que insumos agrícolas como os fertilizantes possam ser isentos das sanções. “Houve, inclusive, por parte de um dos senadores, a possibilidade de que o Brasil possa apresentar razões com relação, por exemplo, aos fertilizantes, e a lei ter alguns pontos que permitam esse tipo de comércio sem deferência”, disse Viana.

O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), que integra a comitiva, lembrou que o Brasil depende de insumos russos para o agronegócio. “Não temos substituto imediato para a importação de fertilizantes. Se interrompermos essas compras, paramos o agronegócio brasileiro”, advertiu.

Wagner ainda relatou que os interlocutores norte-americanos pediram que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ligasse diretamente para Trump para discutir o caso. Segundo ele, o presidente estaria disposto a conversar, desde que o tema não envolva ingerência sobre o Judiciário brasileiro.

“Falei com o presidente Lula, que disse que tem que ser respeitado. Quem tem que organizar esse encontro é a diplomacia. Não acho que o encontro se dará antes de 1º de agosto. Lula não tem problema em falar com ele [Trump]. A questão da Rússia pode ser debatida em uma reunião bilateral, desde que não sejam tratadas as questões do Judiciário”, afirmou o senador.

O grupo, formado por oito senadores, encerrou a missão diplomática nesta quarta-feira (30) após três dias de reuniões. As tratativas oficiais para tentar barrar as tarifas estão a cargo do governo federal, sob coordenação do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB).

Supervisor da Rádio Itatiaia em Brasília, atua na cobertura política dos Três Poderes. Mineiro formado pela PUC Minas, já teve passagens como repórter e apresentador por Rádio BandNews FM, Jornal Metro e O Tempo. Vencedor dos prêmios CDL de Jornalismo em 2021 e Amagis 2022 na categoria rádio