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Superlotação do João XXIII é causada por aumento de acidentes de trânsito, diz secretário de Saúde

Fábio Baccheretti diz que a unidade de saúde nunca realizou tantos procedimentos como atualmente

Fábio Baccheretti, secretário de Saúde de Minas Gerais

O Secretário de Saúde de Minas Gerais, Fábio Baccheretti, reconheceu nesta segunda-feira (26), durante entrevista exclusiva à Itatiaia, a superlotação do Hospital João XXIII, e disse que a unidade nunca realizou tantos procedimentos como atualmente. Segundo ele, houve um aumento no número de acidentes, e os pacientes clínicos são responsáveis pelos corredores cheios de pacientes. Baccheretti negou relação entre a superlotação e o fechamento do Hospital Maria Amélia Lins.

“A gente tem um aumento de 15% a 30% por ano de acidentes, especialmente de motos, que são acidentes mais graves. E aí a gente tem que buscar uma forma mais definitiva. A forma definitiva, pensando a médio prazo, vai ser o novo hospital de PPP (parceria público-privada ). O novo hospital do Galba Veloso vai levar o João Paulo II para lá e o João XXIII vai crescer para dentro do hospital infantil, que é interligado. Com mais leitos, com mais CTI. Mas hoje, na nossa capacidade que temos no João XXIII, nós nunca fizemos tantas cirurgias na nossa história, 1.100, 1.200 cirurgias, nunca tivemos tantas anestesistas na nossa história”, disse o secretário.

Médicos que trabalham no Hospital de Pronto Socorro João XXIII (HPS) e no Hospital Maria Amélia Lins (HMAL), ambos em Belo Horizonte, denunciaram à Itatiaia desmarcações de cirurgias, pacientes aguardando há meses com ossos quebrados e queda na qualidade do atendimento e acompanhamento de pacientes ortopédicos.
Como a Itatiaia já denunciou, pacientes têm relatado superlotação no João XXIII, referência no atendimento a traumas em Minas Gerais. Com o fechamento do centro cirúrgico do Maria Amélia Lins, que aconteceu após determinação do governo do estado, através da Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig), pacientes que antes eram atendidos na unidade de saúde, para realização de cirurgias eletivas, foram transferidos para atendimento no João XXIII.

Porém, médicos que atuavam no Maria Amélia Lins e que agora estão no João XXIII explicaram à reportagem que marcações de cirurgias estão “desaparecendo” da agenda, pois a preferência de atendimento do HPS são situações de urgência e emergência. Um dos profissionais que conversou com a reportagem, e que pediu para não ser identificado, conta que um dos seus pacientes espera há quatro meses por uma cirurgia complexa no braço, após sofrer uma queda de cavalo.

O ortopedista relata que o paciente enfrenta remarcações desde janeiro, ou seja, logo após o fechamento temporário do bloco cirúrgico do Maria Amélia Lins, onde ele seria atendido e já era acompanhado. Desde então, foram cinco cancelamentos que, segundo o médico, teriam sido injustificados.

Fechamento do Centro Cirúrgico do Hospital Maria Amélia Lins

O bloco cirúrgico do Hospital Maria Amélia Lins foi fechado pelo governo do estado no final do ano passado, sob justificativa de reformas. Na ocasião, sindicatos e trabalhadores do local denunciavam que o espaço vinha passando por um processo de ‘desmonte’, com interrupção do funcionamento de alguns setores, como enfermaria, por exemplo. Enquanto as operações do hospital foram passadas para o João XXIII, a Fhemig publicou que o Consórcio Instituição de Cooperação Intermunicipal do Médio Paraopeba (Icismep), formado por municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte, iria gerir o hospital através de uma concessão.

Na Justiça, diversas tentativas de reverter a decisão da Fhemig aconteceram. Porém, o espaço segue não funcionando e os profissionais do Maria Amélia Lins atuam no João XXIII, atendendo casos de urgência e casos eletivos.

Por meio de nota, a Fhemig informou que o João XXIII "é capaz de absorver as cirurgias anteriormente realizadas no Hospital Maria Amélia Lins e ainda aumentar o número de procedimentos ao longo deste ano”. Ainda de acordo com o comunicado, o novo projeto do Maria Amélia Lins tem como objetivo “oferecer 500 procedimentos a mais todos os meses para BH e região, reduzindo assim a fila de espera”.

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Repórter de política na Rádio Itatiaia. Começou no rádio comunitário aos 14 anos. Graduou-se em jornalismo pela PUC Minas. No rádio, teve passagens pela Alvorada FM, BandNews FM e CBN, no Grupo Globo. No Grupo Bandeirantes, ocupou vários cargos até chegar às funções de âncora e coordenador de redação na BandNews FM BH. Na televisão, participava diariamente da TV Band Minas e do BandNews TV. Vencedor de 8 prêmios de jornalismo. Já foi eleito pelo Portal dos Jornalistas um dos 50 profissionais mais premiados do Brasil.