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Pacientes denunciam superlotação do Hospital João XXIII após fechamento do centro cirúrgico do Amélia Lins

Pacientes ortopédicos contam que não estão conseguindo realizar a cirurgia porque o João XXIII não tem estrutura para atender a demanda causada pelo fechamento do Hospital Maria Amélia Lins

Hospital João XXIII

Após uma decisão judicial manter o fechamento do centro cirurgico do Hospital Maria Amélia Lins, em Belo Horizonte, os pacientes do Hospital João XXIII voltaram a denunciar a superlotação da unidade. No Amélia Lins, eram feitas as cirurgias ortopédicas em apoio ao João XXIII e, com a interdição da unidade de saúde, muitos pacientes não estão conseguindo marcar as cirurgias ortopédicas.

Esse é o caso de Gabriel Rodrigues, que já tentou marcar duas vezes uma cirurgia no tornozelo no João XXIII, mas não conseguiu ainda. “A cirurgia que tenho que fazer é um desbridamento do tornozelo. Uma raspagem. Só que já marquei a cirurgia duas vezes e todas a vezes que marcam, eles desmarcam”, explica o paciente.

Ele conta que já recebeu várias justificativas para a desmarcação do procedimento. “Da outra vez que foi que não tinha anestesia, dessa última vez foi que o bloco estava com o ar condicionado estragado. Está bem complicada a situação. O hospital está cheio, corredor lotado, os próprios médicos estão falando que o hospital não está dando conta de atender por causa do fechamento do Amélia Lins”, comenta.

Desativação do Maria Amélia Lins

Carlos Martins, presidente do sindicato que representa os trabalhadores da Fhemig, explica o impasse judicial que faz com que o Hospital Amélia Lins continue fechado. “A Fhemig tomou a decisão de desativá-lo e entregá-lo para ser terceirizado e haviam dito que o Hospital João XXIII teria capacidade para suportar essa demanda. O que foi comprovado que é mentira”, comenta.

Martins aponta que a Promotora de Saúde de Minas Gerais, Josely Pontes, fez um levantamento que comprovou que o João XXIII não estava absorvendo as 300 cirurgias no mês - que eram feitas pelo Hospital Maria Amélia Lins. “Essa situação ocasionou um grande número de pessoas ficando em filas de espera para as cirurgias, tantos aqueles acidentados que precisavam de cirurgia ortopédica, quanto os casos naturais do João XXIII, de urgência”, esclarece.

Segundo o presidente do sindicato, o imbróglio sobre a reabertura do Maria Amélia Lins, acontece porque a Fhemig escolheu uma firma terceirizada para assumir a unidade de saúde. No entanto, o Tribunal de Contas do Estado está avaliando a empresa porque foi descoberto que ela possui várias irregularidades. “Inclusive de desvio de dinheiro público, ou seja, havia muita suspeita e há processos que ela está respondendo. Com isso, o Tribunal de Contas não permitiu que essa firma fosse escolhida até que tudo fosse esclarecido”, alega Martins. “Agora nós temos uma estrutura que é um hospital que fazia 300 cirurgias por mês desativado e ninguém assume esse hospital”, finaliza.

O que diz a Fhemig

Em nota, a Fhemig afirmou que o Hospital Maria Amélia Lins (HMAL) nunca esteve fechado, uma vez que ainda fornece atendimento ambulatorial enquanto o bloco cirúrgico passava por manutenção de equipamentos e reforma estrutural. Além disso, a Fundação reforçou que o Hospital João XXIII tem capacidade de absorver cirurgias que foram reagendadas em função do fechamento temporário do bloco cirúrgico do HMAL durante sua reforma.

“O HJXXIII conta com tem oito salas em seu bloco cirúrgico, além de outras duas para atendimento a queimados, com equipes reforçadas com profissionais do próprio Amélia Lins. O atendimento no Hospital João XXIII está coerente com a realidade de uma unidade de Urgência, dentro da sua capacidade, com escala completa de profissionais e priorizando os casos mais graves admitidos”, disse a nota. “A transição de gestão do HMAL para o parceiro público seguirá as etapas previstas em edital, acessível no nosso site: https://www.fhemig.mg.gov.br/parcerias/consorcio-entidades-filantropicas”, finalizou o comunicado.

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Formado em jornalismo pela PUC Minas, foi produtor do Itatiaia Patrulha e hoje é repórter policial e de cidades na Itatiaia. Também passou pelo caderno de política e economia do Jornal Estado de Minas.
Ana Luisa Sales é jornalista formada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Na Itatiaia desde 2022, já passou por empresas como ArcelorMittal e Record TV Minas. Atualmente, escreve para as editorias de cidades, saúde e entretenimento