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Audiência na ALMG debate impactos da mineração em comunidade de Barão de Cocais

Moradores da comunidade do Castro reivindicam reforma de casas, saneamento básico e mais diálogo com empresas após avanço das operações na região

Presidente da Associação, Iderlane Cristina

Sujeira, barulhos incessantes, poeira e escassez hídrica são algumas das adversidades relatadas por moradores da comunidade do Castro, na zona rural de Barão de Cocais, na região Central de Minas Gerais. Durante uma audiência pública da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa (ALMG), realizada nesta segunda-feira (12), representantes da Associação da Comunidade do Castro, fundada em novembro de 2024, descreveram os problemas enfrentados pela população, especialmente após a intensificação da atividade minerária no local.

Segundo Iderlane Cristina, presidente da associação, desde que o Centro de Distribuição de Barão (CDB) foi implantado, há dois anos, nas proximidades da comunidade, os problemas se agravaram, envolvendo inclusive questões de saúde e também danos às estruturas das residências.

Não estamos pedindo nada mais, nada menos que dignidade, respeito conosco. Ninguém teve respeito com a gente. Chegaram e entraram. Uma funcionária da empresa, na primeira reunião com o pessoal do bairro, disse: ‘essas casas não têm estrutura para aguentar o impacto’, ou seja, ‘os problemas são tantos que a casa de vocês vai cair’. Respondemos que, quando viemos, não foi para construir casas de luxo”.
— relatou a representante.
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Na audiência, solicitada pelo deputado Lucas Lasmar (Rede), os moradores fizeram diversas reivindicações, como a reforma das casas danificadas, implantação de saneamento básico, participação da associação em todas as decisões que envolvem o território, construção de uma área verde e de um viaduto, além do oferecimento de acompanhamento psicológico.

As empresas GSM Mineração e MR Mineração operam no local com empreendimentos de Centro de Distribuição Barão. A Vale é proprietária do terreno onde está localizado o CDB e onde ficam vagões e trens utilizados na logística

Os moradores destacaram que não são contrários à atividade minerária, mas afirmaram ser necessário haver um “equilíbrio” para que não haja apenas “perdas” com essa atividade.

Segundo a coordenadora da Defesa Civil de Barão de Cocais, Helena Batista, todas as casas da região fiscalizadas pelo município, independentemente de serem novas ou não, apresentaram patologias, como trincas ou rachaduras. "É um bairro que era para ser tranquilo, mas hoje está um caos... no trânsito, com falta de respeito por parte das pessoas de fora”, afirmou na ALMG.

Além da representante da Defesa Civil e dos próprios moradores, oito dos onze vereadores da Câmara Municipal da cidade participaram da audiência.

As mineradoras

Na reunião, os representantes da CDB Logística e da Flapa Mineração, Gustavo de Almeida e Eduardo Pinheiro, destacaram que os grupos estão “abertos ao diálogo” com a comunidade.

O representante da Flapa ainda afirmou que a mineradora irá analisar as demandas apresentadas pelos moradores.

O deputado Lucas Lasmar defendeu que é preciso encontrar uma alternativa conjunta entre o poder público, os moradores e as empresas.

Jornalista pela UFMG com passagem pela Rádio UFMG Educativa. Na Itatiaia desde 2022, atuou na produção de programas, na reportagem na Central de Trânsito e, atualmente, faz parte da editoria de Política.