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Mateus Simões detona ADPF das favelas e diz que Rio virou ‘colônia de férias’ de bandidos

Julgamento do processo que discute incursões da polícia em comunidades do Rio de Janeiro deve ser retomado em março pelo STF

ADPF das Favelas questiona a atuação policial em comunidades do Rio

A chamada ‘ADPF das Favelas’ voltou a ser tema de debate entre especialistas e políticos após o primeiro voto sobre o tema ter sido dado no Supremo Tribunal Federal (STF), na semana passada, pelo ministro Edson Fachin. A Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 635, conhecida como ADPF das Favelas, foi protocolada em 2019, pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB), e questiona a violência policial nas operações em comunidades do Rio de Janeiro. Por outro lado, críticos da medida alegam que ela impede a realização do trabalho das polícias e permite que o crime organizado cresça em território fluminense.

Em seu voto, Edson Fachin, relator do caso, defendeu que o governo do Rio adote uma série de medidas para reduzir a letalidade policial e destacou que há “estado de coisas inconstitucional” na segurança pública do Estado. Após o voto do ministro, a análise da ADPF das Favelas foi suspensa pelo presidente do STF, Luís Roberto Barroso. Segundo o magistrado, o tema deve voltar à pauta em até um mês.

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Autoridades mineiras afirmam que o assunto tem ligação direta com o estado. Isso porque, segundo integrantes das forças de segurança pública, as favelas do Rio se tornaram uma espécie de esconderijo para criminosos mineiros.

Apontado por fontes nas polícias como o líder do Comando Vermelho em Minas, Anderson Ferreira dos Santos, conhecido “Bala”, está foragido na Rocinha. Já Rafael Carlos da Silva Ferreira, o “Parazão, apontado como líder do tráfico na Cabana do Pai Tomás e do Terceiro Comando Puro (TCP) em Minas, está foragido no Rio e já seria líder do tráfico no Morro da Mineira, na capital fluminense.

Críticas contundentes em Minas

Na avaliação do vice-governador de Minas, Mateus Simões (Novo), a ADPF abriu áreas protegidas para o crime. “Eu não consigo entender a quem serve a vedação de ingresso efetivo das polícias dentro dos morros. A mim, parece que só serve ao crime organizado e aos traficantes”, disse Simões. “A gente está transformando em colônia de férias de bandido as favelas do Rio de Janeiro, as comunidades do Rio de Janeiro. Isso é inadmissível. Nós vamos lutar contra cada tentativa de proteção daqueles que colocam risco à nossa população em Minas Gerais ou em qualquer outra parte”, acrescentou.

O Secretário de Estado de Justiça Segurança Pública, Rogério Greco, seguiu a mesma linha do governador e disse que torce para que a ADPF ‘não vingue’. “A ADPF 635 foi uma das decisões mais absurdas do Supremo Tribunal Federal. Aquilo nunca deveria ter acontecido, porque simplesmente inibiu a ação das forças policiais no Rio. Com essa inibição, a consequência lógica é o crescimento das facções criminosas. O próprio CNJ, a contragosto do Supremo, reconheceu que o Comando Vermelho havia crescido assustadoramente. Então, se efetivamente não vingar a DPF 635, para nós é muito bom, porque a tendência que se ouvia antigamente é que ela fosse estendida a todos os outros estados, o que seria um absurdo”, argumentou Greco.

Já o procurador-geral de Justiça de Minas Gerais, Paulo de Tarso Morais Filho, defende a retomada das operações policiais nas favelas do Rio. “Se as operações voltarem, eu acredito que vai ser bom, porque nós precisamos”, afirmou. “O que a gente tem que ter em mente é que toda ação voltada para a segurança pública, ela tem que ser elogiada. Não é fácil, não é fácil realizar uma operação. Eu fico pensando, a gente tem que se colocar no lugar das pessoas, ninguém, quando vai ser preso, estende os braços e fala: ‘me leve, que eu cometi um delito’. É uma situação de muito conflito. Eu já participei, sem querer, como promotor de Justiça, de uma perseguição policial, por acaso, e eu vi como que é a situação, de fato, vivenciada por um policial”, acrescentou Paulo de Tarso.

A Ordem dos Advogados do Brasil também foi procurada pela Itatiaia. De acordo com o presidente do Conselho Federal da OAB, Beto Simonetti, o órgão está estudando o assunto e irá divulgar em breve uma manifestação pública sobre o assunto.


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Repórter de política na Rádio Itatiaia. Começou no rádio comunitário aos 14 anos. Graduou-se em jornalismo pela PUC Minas. No rádio, teve passagens pela Alvorada FM, BandNews FM e CBN, no Grupo Globo. No Grupo Bandeirantes, ocupou vários cargos até chegar às funções de âncora e coordenador de redação na BandNews FM BH. Na televisão, participava diariamente da TV Band Minas e do BandNews TV. Vencedor de 8 prêmios de jornalismo. Já foi eleito pelo Portal dos Jornalistas um dos 50 profissionais mais premiados do Brasil.