Acusado de participação nos assassinatos da vereadora carioca Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, o delegado da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Rivaldo Barbosa, afirmou, nesta segunda-feira (15), que não conhece os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão. Os três — Rivaldo, Chiquinho e Domingos — estão presos desde 24 de março e são apontados pela Polícia Federal (PF) como os responsáveis pelas mortes. Os irmãos teriam encomendado as execuções, e Rivaldo seria o mentor intelectual do atentado.
“Quero deixar claro. Vou tirar meus óculos. Desde 31 de maio de 1969, o dia em que eu nasci, nunca falei com nenhum irmão Brazão”, afirmou Rivaldo. “Nunca falei algo pessoal, profissional, político, nunca. Não encontraram nenhum contato meu com esses irmãos, e nunca vão encontrar”, acrescentou durante depoimento ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, que, nesta segunda, analisa o processo de cassação do mandato de Chiquinho Brazão como deputado federal.
“Eu já perdi 15 quilos (desde a prisão). A única coisa que fiz foi indicar o delegado (Giniton Lages) que prendeu o Ronnie Lessa”, disse Rivaldo. “Não conheço e não tenho contato com essas pessoas”, repetiu. Ele nega os crimes imputados a ele pela investigação da PF.
Além do delegado Rivaldo Barbosa, a relatora do processo, deputada Jack Rocha (PT-ES), também deverá ouvir Domingos Brazão em sessão na terça-feira (16). Os dois, que estão presos em unidades de segurança máxima, foram autorizados a depor à comissão de ética pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
Cassação. O processo de cassação contra Chiquinho Brazão é movido pelo Psol, que acusa o deputado de quebra de decoro parlamentar — pelo atentado e pelos homicídios de Marielle e Anderson. Nesta fase, o colegiado da Câmara dos Deputados ouve as testemunhas escolhidas pelos membros do conselho e também as indicadas pelos advogados de defesa.
Brazão, já ouvido em ocasiões anteriores, não deporá desta vez. O parlamentar foi preso também no dia 24 de março em operação da Polícia Federal. A prisão dele precisou ser ratificada pelo plenário da Câmara dos Deputados em razão do foro; na votação, 277 deputados se manifestaram pela manutenção da prisão, diante de 129 contrários e 28 abstenções.