Mandantes do crime, irmãos Brazão colocaram infiltrado no PSOL para espionar Marielle Franco

Laerte Silva de Lima se filiou ao PSOL e indicou aos irmãos Brazão que a vereadora teria pedido à população para não aderir aos loteamentos em áreas de milícia

A investigação da Polícia Federal sobre os assassinatos de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes concluiu que os mandantes, os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão, infiltraram Laerte Silva de Lima no PSOL para levantar informações internas do partido.

O infiltrado alertou aos Brazão que a vereadora carioca teria pedido à população para não aderir a loteamentos urbanos em áreas chefiadas pela milícia. Essas informações constam no relatório final da PF sobre as execuções de Marielle e Anderson.

Segundo o documento, Laerte é miliciano. Ele e a mulher, Erileide Barbosa da Rocha, se filiaram ao PSOL após as eleições de 2016 com a intenção de espionar os políticos do partido. Eles é que teriam repassado informações sobre Marielle aos Brazão, principalmente a Domingos.

Além de Marielle Franco, o assassino de aluguel Ronnie Lessa também chegou a pesquisar informações sobre outros políticos ligados ao PSOL: Isadora Peixoto de Oliveira Freixo, que é filha de Marcelo Freixo (Psol-RJ), e Chico Alencar (Psol-RJ), hoje deputado federal.

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A atuação da vereadora carioca Marielle Franco pela ocupação de terrenos no Rio de Janeiro por pessoas de baixa renda é apontada como a motivação básica para o assassinato dela pelos irmãos Brazão, segundo também indica o relatório da Polícia Federal (PF) que levou à prisão dos dois mandantes neste domingo (24). Além deles, agentes também prenderam Rivaldo Barbosa, chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro na época do crime, que participou da organização da emboscada que matou Marielle e o motorista Anderson Gomes e acobertou os mandantes durante as investigações.

Presos no Rio de Janeiro nas primeiras horas do dia, o deputado federal Chiquinho Brazão (União Brasil-RJ), o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ) Domingos Brazão e o delegado Rivaldo Barbosa serão transferidos para Brasília ainda neste domingo, onde vão permanecer detidos.

Conforme trecho do relatório lido pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, nesta tarde de domingo, Chiquinho Brazão começou a tramar contra Marielle em 2017. O grupo político de Marielle e os milicianos de Brazão divergiam sobre ocupação do território urbano.

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Repórter de política em Brasília. Na Itatiaia desde 2021, foi chefe de reportagem do portal e produziu série especial sobre alimentação escolar financiada pela Jeduca. Antes, repórter de Cidades em O Tempo. Formada em jornalismo pela Universidade Federal de Minas Gerais.

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