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Zema: dívidas de MG, RS e RJ são ‘correntes segurando o desenvolvimento’

Governador quer mudança no indexador do débito do estado com a União, que ultrapassa os R$ 160 bi; paralelamente, Pacheco e Haddad devem tratar da situação fiscal de Minas na semana que vem

Zema defendeu mudança no indexador das dívidas estaduais

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), disse, nesta quinta-feira (14), que as dívidas contraídas por governos estaduais como o mineiro, o fluminense e o gaúcho junto à União são como “correntes” que travam o desenvolvimento das unidades federativas. Durante evento na Cidade Administrativa, em Belo Horizonte, Zema defendeu a mudança do indexador da dívida de Minas, superior a R$ 160 bilhões.

Os juros do débito são calculados por uma fórmula que tem o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mais 4% ao ano. A Selic, taxa básica de juros, também pode substituir o IPCA na equação. No ano passado, o índice marcou 4,72%. Como já mostrou a Itatiaia, Pacheco tem, em mãos, proposta que sugere uma fórmula menos onerosa: IPCA + 2% ao ano.

“Se Minas, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro, estados endividados, crescerem mais, quem vai ganhar é o Brasil. Vai se gerar mais empregos e se exportar mais. Hoje, temos uma corrente segurando esse desenvolvimento, devido a um problema passado, que não é mérito, mais, de discussão. Temos de olhar para o futuro”, afirmou Zema, ao defender a renegociação dos passivos.

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O governador nutre expectativa por se reunir com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), ainda neste mês. Na semana passada, Zema se encontrou com Lula para tratar da dívida mineira.

“Temos, aí, mais duas semanas pela frente (para a possível reunião com Haddad). Espero que venham com uma proposta realista, porque o que já se provou até o momento é que essa forma de correção da dívida não funciona”, afirmou Zema, pontuando a necessidade de troca no indexador.

Reunião entre Pacheco e Haddad à vista

Nesta quinta, o presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou que deve se reunir com Haddad para tratar da situação fiscal de Minas. O parlamentar, que apresentou uma proposta de renegociação da dívida estadual baseada em medidas como a federalização de estatais, também é simpático à mudança na forma de correção dos valores.

“O fato é que o governo federal, é muito importante que tenha a compreensão, de que isso é um problema federativo, que a dívida de estados como Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Goiás são dívidas que vêm aumentando ao longo dos anos em função de uma indexação do IPCA, mais 4%, limitada a Selic, mais a correção monetária que, de fato, faz com que essas dívidas tenham grande dificuldade em serem adimplidas”, apontou.

‘Refis’ dos estados

Para que a renegociação da dívida de Minas seja autorizada, é preciso que haja consentimento do Congresso Nacional. O Legislativo deve analisar uma proposta de refinanciamento de dívidas mantidas por estados junto à União, visto que o Parlamento não pode produzir leis voltadas a apenas um estado.

Pacheco, aliás, já recebeu uma minuta de proposta de um “refis” voltado aos entes subnacionais. O texto foi construído pelo deputado estadual Professor Cleiton (PV-MG) e entregue ao senador na semana passada.

A proposta de Professor Cleiton estabelece quatro faixas de abatimento das dívidas: 0 % a 20%; 20% a 35%; 35% a 50%; e 50% 100%. Quanto maior o abatimento à vista, maior o desconto sobre o saldo dos juros.

Para viabilizar a negociação dos R$ 160 bilhões devidos por Minas, Pacheco propõe, além da federalização de estatais, a cessão, à União, de créditos financeiros que o estado tenha a receber, como os valores ligados à Lei Kandir e ao acordo de reparação pela tragédia de Mariana.

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Graduado em Jornalismo, é repórter de Política na Itatiaia. Antes, foi repórter especial do Estado de Minas e participante do podcast de Política do Portal Uai. Tem passagem, também, pelo Superesportes.
Mineiro de Urucânia, na Zona da Mata. Mestre em Comunicação pela Universidade Federal de Ouro Preto (2024), mesma instituição onde diplomou-se jornalista (2013). Na Itatiaia desde 2016, faz reportagens diversas, com destaque para Política e Cidades. Comanda o PodTudo, programa de debate aos domingos à noite na Itatiaia.