A ministra Margareth Menezes, da Cultura, repudiou nesta segunda-feira (4) a onda de ataques dirigidos à obra O Avesso da Pele, do escritor brasileiro Jeferson Tenório, alvo de censura na rede pública do Rio Grande do Sul.
Nos últimos dias, a diretora de uma escola pública no município de Santa Cruz do Sul publicou trechos do livro nas redes sociais criticando o uso de “palavras de baixo calão"; parlamentares ligados à direita, em seguida, também atacaram a obra acusando-a de conteúdo pornográfico. A Coordenadoria Estadual de Educação determinou, então, o recolhimento da obra das bibliotecas da rede estadual.
“Meu total repúdio a qualquer tipo de censura em relação à literatura. O que pudermos fazer, enquanto Ministério da Cultura, para combater essas ações, nós faremos”, afirmou. “Somos absolutamente contrários a qualquer tipo de limitação ao acesso a obras. Para um livro ser levado às escolas, um conselho formado por um grupo de pessoas decidiu. O livro não é colocado de graça. O Ministério da Educação tem essa sensibilidade”, acrescentou.
Vencedor com o Prêmio Jabuti de melhor romance em 2021, o livro de Jeferson Tenório foi inscrita, avaliada e incluída no Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD) ainda no governo passado. A obra se debruça sobre questões de raça, gênero e violência e narra a história de Pedro, que resgata o próprio passado após a morte do pai, um professor assassinado em uma abordagem policial.
Nas redes sociais, a Companhia das Letras, editora responsável pela publicação, rebateu os ataques à obra e detalhou que, para ser incluída no programa nacional, o livro foi avaliado por uma banca de educadores e especialistas em literatura e língua portuguesa.
“Para chegar ao colégio em questão, ainda precisou passar por aprovação da própria diretora, que assinou o documento de ‘ata de escolha’ da obra e agora contesta o conteúdo do livro. Esses dados são transparentes e públicos”, escreveu. A editora ainda repudiou a censura à obra. “A retirada de exemplares de um livro, baseada em uma interpretação distorcida e descontextualizada de trechos isolados, é um ato que viola os princípios fundamentais da educação e da democracia”, completou.
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