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Copom se reúne em cenário com desaceleração do IPCA-15 e pressão por corte de juros

Comitê de Política Monetária do Banco Central se reúne na terça (30) e na quarta-feira (31)

Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, participa de reunião do Copom que, na quarta-feira, deve repetir corte de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros

A primeira reunião de 2024 do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central ocorrerá em meio à pressão por um corte mais expressivo na taxa básica de juros. O encontro acontecerá na terça-feira (30) e na quarta-feira (31), e há desejo do mercado por um corte superior àquele de 0,5 ponto percentual feito nas últimas reuniões do comitê. A prévia da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo — 15 (IPCA-15) publicado na última sexta-feira (26), e que subiu menos que o esperado pelo mercado, reforça a pressão por uma redução mais expressiva na Selic para estimular a economia.

Entretanto, a tendência é que o Copom mantenha a política conservadora de cortes na taxa básica adotada no ano passado, seguindo a redução de 0,5% a cada reunião. Na ata de dezembro da reunião, o comitê indicou que deveria manter o ritmo adotado até então; o grupo avaliou que o cenário econômico era favorável à redução da taxa básica, mas, que era necessário manter a política monetária contracionista. Naquela ocasião, o Copom cortou a Selic pela quarta reunião consecutiva.

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Trunfo. A reunião deste mês será a primeira com quatro das nove diretorias do Banco Central com cadeira no Comitê de Política Monetária ocupadas por indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o que pode ser um trunfo do governo para pressionar a aceleração do corte de taxa básica. Hoje, os quatro indicados por Lula são: Ailton Aquino, da Diretoria de Fiscalização; Gabriel Galípolo, da Diretoria de Política Monetária — e ex-braço-direito de Fernando Haddad no Ministério da Fazenda; Paulo Pichetti, da Diretoria de Assuntos Internacional e Gestão de Riscos Corporativos; e Rodrigo Alves Teixeira, da Diretoria de Administração.

A presença de indicados pelo presidente também deve aumentar neste ano, quando chegam ao fim os mandatos do presidente da instituição bancária, Roberto Campos Neto, e dos diretores Carolina de Assis Barros e Otávio Damaso. Lula até pode decidir reconduzir Campos Neto para um segundo mandato com duração de quatro anos. Entretanto, a relação entre o petista e o presidente do Banco Central foi marcada, no primeiro ano do mandato de Lula, por atritos, críticas e cobranças.

O Palácio do Planalto e aliados têm cobrado Campos Neto por reduções mais aceleradas da taxa básica de juros no país, que começou a cair apenas em julho do ano passado; nos últimos meses, a Selic saiu de 13,75% para 11,75%. O Comitê de Política Monetária adota uma postura conservadora na redução dos juros, e o Governo Lula pressiona por uma queda mais rápida. Lula e Campos Neto se desentenderam publicamente. Entretanto, a tendência de queda da Selic azeitou a relação entre os dois. A recondução de Campos Neto à presidência do Banco Central é incerta. Os dois diretores, Carolina de Assis Barros e Otávio Damaso, devem ser trocados pelo presidente que, assim, alcançará maioria no Copom.

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Repórter de política em Brasília. Na Itatiaia desde 2021, foi chefe de reportagem do portal e produziu série especial sobre alimentação escolar financiada pela Jeduca. Antes, repórter de Cidades em O Tempo. Formada em jornalismo pela Universidade Federal de Minas Gerais.