Embora possíveis candidatos à Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) comecem a despontar na Rede Sustentabilidade, a direção do partido prega cautela nas conversas a respeito da eleição municipal deste ano. A ordem é estruturar um programa de propostas para a cidade e, depois, avançar a respeito de nomes.
Filiada à legenda, a deputada estadual Ana Paula Siqueira
Apesar de Ana Paula e Bella estarem dispostas a encabeçar a chapa Rede-Psol, a avaliação de interlocutores é que não haverá embate a respeito dos rumos eleitorais. As parlamentares têm boa relação e, por isso, devem conseguir convergir em torno do tema.
“Teremos maturidade, sabedoria e inteligência política para nos posicionarmos. Certamente, no mês de junho, nas convenções, estaremos unificados e defendendo um programa importante para Belo Horizonte”, diz, à Itatiaia, o porta-voz do diretório da Rede em Minas Gerais, Paulo Lamac.
Lamac, aliás, foi vice-prefeito de Belo Horizonte entre 2017 e 2020, na primeira gestão de Alexandre Kalil (PSD). Nos bastidores, ele também é citado como possibilidade para representar a Rede na disputa eleitoral.
Na semana passada, a cúpula da Rede em Minas Gerais inaugurou a nova sede estadual do partido, em Belo Horizonte. Em que pese o clima festivo, a tática eleitoral marcou as falas durante o evento.
“É uma discussão que vai ser feita sem confusão ou arrancar os cabelos. Vamos fazer tudo com serenidade que o momento merece. É mais importante para a gente construir as alternativas e o programa que vamos apresentar. Queremos fazer, em todos os municípios em que estivermos apresentando candidaturas, construir projetos e discutir, depois, qual é o melhor nome. Qualquer liderança ou o mais simples militante de base tem o direito de querer ser candidato”, aponta a ex-senadora Heloísa Helena (AL), porta-voz nacional da sigla, ao comentar o cenário eleitoral da capital mineira.
No que tange a uma possível candidatura de Ana Paula Siqueira, segundo apurou a Itatiaia, há a confiança de que o apoio da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, pode dar impulso ao plano. A percepção é que Marina pode ser cabo eleitoral com influência em BH. Ana Paula pertence ao grupo político da ministra.
Coligação pode surgir
Paulo Lamac tem boa relação, inclusive, com o prefeito Fuad Noman (PSD), que não decidiu se vai tentar a reeleição, mas sinalizou que deseja o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) caso participe do pleito. O dirigente da Rede não descarta a possibilidade de unidade com outras forças do mesmo campo político.
“É sabido que, em Belo Horizonte, temos um processo de modificação do eleitorado. É uma cidade que já foi muito progressista, haja vista que Lula, antes de ser presidente, sempre ganhava em BH. Na última, mesmo ganhando no Brasil, perdeu em BH. Marina Silva foi a mais votada para presidente em BH em 2010. É uma cidade de histórico progressista que, nos últimos anos, vem mudando esse posicionamento”, aponta.
Segundo Lamac, as forças à esquerda têm o desafio de impedir a interrupção do que chama de “grande sequência de administrações responsáveis”.
“Belo Horizonte é uma das poucas cidades deste país que pode dizer que tem uma sequência de prefeitos que mantiveram programas estruturantes — e temos quase três décadas de programas estruturantes mantidos e aprimorados. Não é por coincidência que é uma das capitais com menor endividamento e menor folha se formos considerar a Lei de Responsabilidade Fiscal”, considera.
Apesar da análise, Lamac diz que ainda é cedo para cravar as definições em direção à eleição de outubro.
“As pesquisas mostram uma incerteza muito grande. Existe um espectro mais extremado, à direita, com o qual não termos condição de nos alinharmos — e que tem tido votações significativas na cidade. Então, temos de ter essa construção com diálogo e amplitude. E, no momento certo, dadas as análises políticas, fazer as opções corretas”, assinala.
À esquerda, além de Ana Paula Siqueira e Bella Gonçalves, há as pré-candidaturas dos deputados federais Rogério Correia (PT) e Duda Salabert (PDT).
Do outro lado, à direita, surgem nomes como o deputado estadual
Olhos voltados para o interior
Em outra frente, a Rede Sustentabilidade mira ampliar a influência no interior. Uma das apostas é o deputado estadual Lucas Lasmar, que atua em prol da abertura de diretórios em cidades onde o partido não tinha representação. Há tratativas para ampliar em 40 o número de municípios com candidaturas do partido neste ano.
“Estamos avançando com vice-prefeitos, prefeitos e vereadores. É um partido que muitas pessoas têm me procurado para fazer (parte), principalmente no Centro-Oeste e no Sul do estado, onde precisamos crescer a Rede. A Rede está crescendo e logo será um dos maiores partidos do estado em relação a filiações”, aponta Lasmar.
Em 2022, apesar da federação com o Psol, a Rede deu apoio informal à candidatura de Alexandre Kalil (PSD) ao governo.
Participe do canal da Itatiaia no Whatsapp e receba as principais notícias do dia direto no seu celular.