O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) vai mediar as conversas sobre a possibilidade de construção de uma rodovia para escoar o minério produzido no Quadrilátero Ferrífero, na Região Central do estado. A nova via é defendida por prefeitos, e lideranças locais como forma de retirar, das BRs 040 e 356, carretas que carregam os materiais. A avaliação é que os veículos pesados alavancam o número de acidentes nas duas estradas.
A participação do MP de Minas nas conversas sobre a nova estrada, batizada de “Rodovia do Minério”, foi selada na quarta-feira (29). Representantes da Associação dos Municípios Mineradores de Minas Gerais e do Brasil (Amig) se reuniram com o Centro de Autocomposição de Conflitos e Segurança Jurídica do Ministério Público de Minas Gerais (Compor-MPMG) para apresentar o projeto de construção da rodovia.
O acerto é para que o Compor-MPMG medie o diálogo entre prefeituras, mineradoras e os governos estadual e federal para a execução do projeto viário.
“Os acidentes se repetem a todo momento e nós vamos utilizar a estrutura do Compor, que é o nosso centro de autocomposição, para avançar com as soluções dentro da metodologia que tem sido bem sucedida em acordos de todas as naturezas no Ministério Público. A gravidade desses trágicos episódios ocorridos na BR-040 recomenda uma atuação prioritária para solucionar essa situação que afeta toda a sociedade”, disse o promotor Carlos André Mariani, coordenador-geral do Compor.
Como já mostrou a Itatiaia, a BR-040 sofre com a sobrecarga causada pelo intenso trânsito de carretas carregadas com minério. Apenas neste ano, a rodovia já foi palco de quase 2,8 mil acidentes. A via tem traçado antigo e problemas na sinalização.
1,5 mil caretas a menos
O projeto da “Rodovia do Minério” prevê gastos de cerca de R$ 500 milhões. A expectativa é que a estrada retire até 1,5 mil carretas das faixas das BRs 040 e 356. As pistas que vão sustentar a nova via já existem, mas não são asfaltadas.
"É necessário que se viabilize a infraestrutura, a partir, por exemplo, do alargamento das vias, compactação e asfaltamento”, explicou o presidente da Amig, José Fernando Aparecido de Oliveira, que é prefeito de Conceição do Mato Dentro.
O uso do Terminal de Fazendão, em Mariana, também está previsto no projeto, bem como a construção de duas interseções da via nas proximidades da Mina de Capanema, em Santa Bárbara, e no acesso ao Laticínios ITA, em Itabirito.
O projeto prevê, também, o aumento, em 30 quilômetros, da estrada ITA 030 até a MG-030, que seria pavimentada entre Itabirito e Ouro Branco, em trecho de 24 quilômetros. A implantação de um terminal ferroviário também é citada como necessidade, uma vez que ajudaria a escoar 8 milhões de tonelada de minério, permitindo que as carretas, em vez de andarem rumo à BR-040, possam seguir pela Estrada do Pico da Fábrica.
Companhias como a Vale, a Cedro Mineração, a Gerdau e a Herculano vão participar dos debates mediados pelo MPMG.