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Após fracasso em concessão, senador vai cobrar obra na BR-381 com recursos federais

Segundo Carlos Viana (Podemos-MG), falta de certeza sobre cenário economico e complexidade da obra afastaram interesse de empresas

Senador acredita que a União possa investir na rodovia

Sem que houvesse interessados na concessão da BR-381, parlamentares mineiros agora correm contra o tempo para tentar incluir no orçamento do próximo ano os recursos necessários para duplicação de ao menos um trecho da rodovia. Segundo o senador mineiro Carlos Viana (Podemos), ainda que o prazo seja apertado, é possível que o Governo Federal se sensibilize com a questão, diante da urgência pelas melhorias na estrada.

“A primeira caminhada é nós, com o ministro, buscarmos um novo edital, mas um passo que eu considero fundamental é, já que estamos com a votação no orçamento, conseguirmos do governo, pelo menos, a saída de Belo Horizonte duplicada com recursos do orçamento. Nós conseguimos no governo passado a duplicação a partir de Caeté, que já adiantou bastante, então quem sabe agora não é o momento de conseguirmos junto ao governo conseguir incluir a BR-381 no orçamento?” justifica Viana.

Mas a tarefa não é simples. Além da discussão acerta do alto valor a ser empreenhado pela União em um orçamento que está prestes a ser votado no Congresso Nacional, o trecho em questão é considerado por especialistas no assunto como o principal gargalo para quem for investir na BR-381. Além da dificuldade das obras em um trecho de 60 km, que é muito movimentado, a duplicação da saída de Belo Horizonte depende da desapropriação de, ao menos, 12 mil famílias.

A concessão da BR 381, entre Belo Horizonte e Governador Valadares, não teve interessados e o Ministério dos Transportes deve declarar leilão deserto. O prazo para apresentação de propostas foi aberto na segunda (20) e encerrado nesta terça (21) às 12h. O leilão estava confirmado para a próxima sexta-feira (24), na Bolsa de Valores de São Paulo. A previsão era investimento de R$ 10 bilhões ao longo dos 30 anos de contrato.

Falta de interesse

Segundo Viana, muitos fatores contribuíram para que o leilão fosse deserto, entre eles, a incerteza sobre o cenário econômico no Brasil.

“Agora que nós conseguimos um modelo sustentável de crescimento, R$ 10 bilhões investidos ao longo de 30 anos, nós estamos enfrentando um outro problema que é a desconfiança em relação ao primeiro ano de um governo que tomou posse. Os investidores estrangeiros estão com um pé atrás com relação ao Brasil, aguardando uma definição clara sobre a política econômica e o teto de gastos. A questão dos investidores brasileiros é a mesma coisa, os juros continuam muito altos, e isso tudo nos leva a dificuldade de ter a iniciativa privada na rodovia”, avalia o senador.

Segundo as regras do edital, o investidor que propuser o menor valor de tarifa de pedágio venceria o leilão. Os 304 quilômetros que seriam concedidos passariam por obras e instalação de serviços operacionais. Entre as principais intervenções estavam a duplicação de 134 quilômetros da rodovia e 138 quilômetros de terceiras faixas. A expectativa era de geração de mais de 87 mil empregos diretos e indiretos.

Supervisor da Rádio Itatiaia em Brasília, atua na cobertura política dos Três Poderes. Mineiro formado pela PUC Minas, já teve passagens como repórter e apresentador por Rádio BandNews FM, Jornal Metro e O Tempo. Vencedor dos prêmios CDL de Jornalismo em 2021 e Amagis 2022 na categoria rádio