Presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte, Gabriel Azevedo (sem partido) disse na noite desta sexta-feira (1º) que irá registrar um boletim de ocorrência e pedir proteção de policiais militares à sede do Legislativo e a 14 vereadores que estariam sendo ameaçados, “inclusive de vida”, para votar a favor da abertura de um processo de cassação contra ele.
Azevedo também pedirá que o governo Zema investigue a atuação de um secretário estadual que, além de supostamente interferir no Legislativo, teria ameaçado o advogado dele em uma mensagem. O presidente da Câmara não citou nomes dos responsáveis por essas ameaças.
Gabriel Azevedo disse ainda que os ex-vereadores Wellington Magalhães e Léo Burguês, além de um secretário municipal cujo nome não revelou, teriam sido os responsáveis pelas ameaças aos vereadores. Segundo ele, o prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), teria oferecido “vantagens financeiras” e cargos para os vereadores votarem pela abertura do processo.
“Certamente ele está falando de outra pessoa. Eu jamais ameacei ou ameaçaria advogado e/ou vereador”, disse Marcelo Aro à Itatiaia. A Prefeitura de Belo Horizonte e o governo de Minas Gerais informaram que não vai comentar as declarações do presidente da Câmara.
Léo Burguês, que renunciou em fevereiro deste ano após ter um pedido de cassação aberto por Gabriel Azevedo, ainda não se posicionou. A reportagem não conseguiu localizar Wellington Magalhães, que teve o mandato cassado em 2019.
“Há uma série de parlamentares desta Casa que estão sofrendo ameaças, inclusive de vida”, disse Gabriel Azevedo. As ameaças mais contundentes teriam sido disparadas contra o vereador Gilson Guimarães (Rede).
“Eu gostaria de dar uma declaração muito séria: o meu advogado, doutor Ricardo, recebeu uma ameaça, uma mensagem, de um secretário estadual do governo de Minas Gerais questionando se ele estaria o enfrentando exercendo minha defesa”, continuou o presidente da Câmara, que acrescentou que vai pedir ao vice-governador Mateus Simões (Novo) que investigue a suposta atuação do secretário.
Gabriel Azevedo concedeu entrevista coletiva logo após a reunião de plenário da Câmara Municipal que durou mais de cinco horas nesta sexta-feira.
Durante a reunião, a decisão judicial que estava em vigor permitia que os vereadores, além de abrir o processo de cassação, afastassem Gabriel Azevedo da presidência da Câmara. Com a obstrução, a votação sobre esse tema também não ocorreu.
Logo após o término da reunião, o desembargador Luís Carlos Gambogi, do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), aceitou agravo apresentado pelo presidente da Câmara, derrubou a liminar e voltou a proibir que os vereadores votem o afastamento de Azevedo do comando do Legislativo. A próxima reunião da Câmara Municipal está marcada para segunda-feira (4).
“O senhor prefeito Fuad Noman ofereceu vantagens financeiras e de cargo na Prefeitura de Belo Horizonte para os vereadores que estão aqui. O senhor prefeito conversou com um empresário ligado ao Partido Novo, ameaçando este empresário de que se os três vereadores do Novo não se posicionassem a favor da Prefeitura, ele iria prejudicar este empresário”, continuou Gabriel Azevedo.
A bancada do Novo é formada pelos vereadores Marcela Trópia, Braulio Lara e Fernanda Pereira Altoé. Procurado, o Partido Novo ainda não se posicionou.