A deputada estadual Lohanna França (PV) recebeu um e-mail com ameaça de “estupro corretivo”. Há, também, uma ameaça de morte por meio de um “tiro na cabeça”. Nesta quinta-feira (24), ela procurou a Delegacia de Crimes Cibernéticos da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) para prestar queixa. Segundo a equipe da parlamentar, é a quarta ameaça que ela recebe em menos de um ano.
O termo “estupro corretivo” já havia sido utilizado na semana passada, para intimidar Bella Gonçalves (Psol), outra integrante da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Iza Lourença (Psol) e Cida Falabella (Psol), vereadoras de Belo Horizonte, também foram alvo de mensagens ameaçadoras.
Além do boletim de ocorrência, Lohanna procurou a Polícia Legislativa, responsável pela segurança das dependências do Parlamento Mineiro. A corporação já iniciou os trâmites para garantir a proteção da deputada do PV.
No e-mail, já encaminhado à Polícia Civil, há expressões misóginas e machistas. Em parte da mensagem, de autoria apócrifa, Lohanna é acusada de ter “sangue nas mãos” por “promover a irresponsabilidade feminina”. O trecho faz menção à aprovação, nesta semana, do projeto de lei (PL) que cria a “Semana da Maternidade Atípica”. A ideia, apresentada pela deputada, foi pensada para impulsionar ações voltadas às mães cujos filhos apresentam padrão atípico de desenvolvimento em virtude de alguma deficiência.
“A gente sabe que é uma tentativa de calar as nossas vozes, porque o nosso trabalho está aqui para colocar as mulheres no espaço de poder, as minorias nos espaços de poder e fazer discussões tão importantes para Minas Gerais, as cidades e todo o Brasil”, disse Lohanna, ao comentar as ameaças. “Qualquer tentativa de me intimidar, será um desperdício de tempo e energia. Qualquer tentativa desse tipo, irá para lata do lixo ou quem sabe, para um camburão da Polícia, não vão me intimidar. Não vão parar meu trabalho”, completou.
Casos recorrentes
Além dos casos ocorridos em Minas Gerais, outras parlamentares Brasil afora têm revelado a existência de ameaças. A deputada federal Daiana Santos (PCdoB-RS) também disse ter sido intimidada por meio da expressão “estupro corretivo”. O mesmo aconteceu com Mônica Benício (Psol), vereadora no Rio de Janeiro (RJ).
Na semana passada, o gabinete Bella Gonçalves disse que o e-mail enviado a ela em 8 de agosto tem tom de exaltação ao militar Carlos Alberto Brilhante Ustra, um dos torturadores da ditadura. Há, ainda, menção ao lema “Deus, Pátria e Família.
Iza Lourença, por sua vez, chegou a ter a filha de três anos ameaçada. A Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) anunciou medidas para reforçar a segurança dos vereadores. Os trâmites para a entrada no prédio do Legislativo foram endurecidos e a Guarda Municipal passou a proteger o entorno do local.
Em nota à imprensa, o presidente da Assembleia de Minas, Tadeu Martins Leite (MDB), afirmou ter acionado forças de segurança, externas e internas, para garantir o reforço na proteção de Lohanna. “Ameaças praticadas por criminosos covardes jamais intimidarão o Parlamento mineiro”, garantiu.