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Presidente da CPMI pede inclusão de hacker Walter Delgatti a programa de proteção à testemunha

Delgatti prestou depoimento à CPMI do 8 de Janeiro e admitiu ter se reunido com Bolsonaro para tratar de urnas eletrônicas

O presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro, deputado federal Arthur Oliveira Maia (União-BA) enviou um pedido de inclusão de Walter Delgatti no programa de proteção à testemunha. O parlamentar acionou os ministérios da Justiça e dos Direitos Humanos, além do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, para garantir a integridade física do hacker, que presta depoimento à CPMI na sessão desta quinta-feira (17).

Uma cópia do pedido foi enviada, também, ao senador Cid Gomes (PDT-CE) - que preside o colegiado na sessão de hoje, de forma interina.

Mais cedo, o advogado de Delgatti, Ariovaldo Moreira, informou que a exposição de seu cliente na CPMI o coloca em risco e adiantou que solicitaria ao governo federal a sua inclusão no programa de proteção à testemunha.

Durante o depoimento, o hacker chegou a ser questionado pelo deputado federal Rubens Pereira Júnior (PT-MA) se ele temia pela sua vida.

“Atualmente, sim”, disse Delgatti ao confirmar que seu advogado sofreu ameaças de morte e chegou a registrar boletim de ocorrência.

Durante depoimento na CPMI do 8 de Janeiro, Walter Delgatti respondeu aos questionamentos de parlamentares ligados ao governo federal, mas se recusou a se manifestar sobre as perguntas feitas por deputados e senadores de oposição.

Sob juramento, ele confirmou que se reuniu com o então presidente Jair Bolsonaro (PL) em agosto de 2022, no Palácio da Alvorada, para discutir a segurança das urnas eletrônicas. Ele também citou a deputada federal Carla Zambelli e o ajudante de ordens Mauro Cid, como participantes do encontro.

Ele também disse ter recebido a promessa, por parte de Bolsonaro, de ser “anistiado” pelo presidente, caso fosse preso em alguma ação relacionada à urna eletrônica.

À CPMI, Delgatti Neto declarou que houve um encontro anterior com o publicitário Duda Lima, que liderou a campanha do ex-presidente Jair Bolsonaro. “Eles [equipe de Bolsonaro] queriam que eu criasse um código-fonte e inserisse um código malicioso, não seria o código do TSE. A ideia do Duda é mostrar que a urna poderia ser facilmente manipulada para fornecer outro resultado”, afirmou. “Essa apresentação sobre a urna seria apresentada no 7 de Setembro”, acrescentou.

Programa de Proteção à Testemunha

O Programa Federal de Assistência às Vítimas e às Testemunhas Ameaçadas (Provita) foi criada em 1999, pelo governo de Fernando Henrique Cardoso, como uma política de proteção a vítimas e testemunhas ameaçadas. A política pública prevê um conjunto de medidas para pessoas que se sentem ameaçadas ou coagidas por colaborar com uma investigação ou mesmo durante um processo criminal.

Dentre essas medidas estão o acolhimento, transferência de território, proteção e inserção social, além do pagamento de subsídio mensal.

Saiba as regras para entrar no Programa de Proteção à Testemunha

  • Testemunhas de crimes e seus familiares

  • Que esteja coagida ou ou exposta a grave ameaça em razão da colaboração prestada ao processo criminal;

  • Que esteja em pleno gozo legal de sua liberdade;

  • Que expresse, pessoalmente ou via representante legal, anuência com as restrições e medidas de segurança exigidas pelo Programa.

Além da formalização do procedimento junto ao governo, o Ministério Público ou o Judiciário, o cidadão precisa passar por uma entrevista junto ao MP, além de uma triagem feita pela equipe técnica do Provita.

Repórter de política em Brasília. Na Itatiaia desde 2021, foi chefe de reportagem do portal e produziu série especial sobre alimentação escolar financiada pela Jeduca. Antes, repórter de Cidades em O Tempo. Formada em jornalismo pela Universidade Federal de Minas Gerais.
Editor de política. Foi repórter no jornal O Tempo e no Portal R7 e atuou no Governo de Minas. Formado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tem MBA em Jornalismo de Dados pelo IDP.
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