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Lula cobra países ricos por pagamento por ‘serviços ambientais’ das florestas tropicais

Presidente brasileiro mandou recado para os países ricos e disse que a ‘natureza precisa de dinheiro e financiamento’

Lula encerrou Cúpula da Amazônia com cobrança aos países desenvolvidos

Após dois dias de discussão na “Cúpula da Amazônia” e três de “Diálogos Amazônicos”, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cobrou uma remuneração justa aos “serviços ambientais” que as florestas tropicais oferecem ao mundo. Dois documentos conjuntos foram publicados e serão apresentados na COP 28, principal evento sobre mudanças climáticas, que acontecerá em novembro, nos Emirados Árabes Unidos.

Nos documentos “Carta de Belém” e “Unidos por Nossas Florestas”, há acordos de cooperação, metas a serem atingidas e, principalmente, cobranças de financiamento aos países ricos. Em um dos trechos, os 12 países com florestas tropicais cobraram os US$ 100 bilhões em financiamentos prometidos por países desenvolvidos durante cúpula realizada em Paris, em 2009.

No discurso após o término da Cúpula da Amazônia, o petista afirmou que “medidas protecionistas mal disfarçadas de preocupação ambiental não são o caminho trilhar”.

“Teremos duas frentes de ação importantes. Uma delas é trabalhar pela definição de um conceito internacional de sócio-bioeconomia que nos permita certificar o produtos da floresta e gerar emprego e renda. Outra é criar mecanismos para remunerar, de forma justa e equitativa os serviços ambientais que nossas florestas prestam ao mundo. Medidas protecionistas, mal disfarçadas de preocupação ambiental por parte dos países ricos, não são o caminho a trilhar. A Declaração de Belém e o comunicado conjunto são um passo na construção de uma agenda comum com os países em desenvolvimento com florestas tropicais”, afirmou.

Dentre os pontos defendidos por ambientalistas, o desmatamento zero até 2030 e a proibição da exploração de petróleo na chamada “margem equatorial”, na costa do Amapá, não entraram nos compromissos assumidos pelos países participantes. Sem consenso entre os países signatários nesses dois pontos, eles acabaram de fora dos acordos.

A reportagem apurou, ainda, que problemas internos e estruturais podem ter impedido que alguns desses países se comprometessem com metas ambiciosas a curto prazo.

Apesar de não se comprometerem em zerar o desmatamento até 2030, todos os países de florestas tropicais disseram que vão buscar a redução no desmatamento.

Apesar de alguns pontos dividirem opiniões, Lula classificou a agenda ambiental como um marco e ressaltou que “a natureza precisa de dinheiro”.

“Conseguimos reunir os presidentes da América do Sul, dos países amazônicos para discutir pela primeira vez uma saída conjunta para discutir nos fóruns internacionais, na ONU, na elaboração de fundos, para que a gente possa dizer que não é o Brasil que precisa de dinheiro, a Colômbia ou a Venezuela, é a natureza. Que o desenvolvimento industrial ao longo de 200 anos poluiu e que está precisando que eles recomponham parte daquilo que foi estragado”, afirmou.

Segundo Lula, negar os problemas climáticos é sinônimo de insensatez. Os olhos do mundo se voltam agora para COP 28, que irá ocorrer em Novembro, nos Emirados Árabes.

Já a capital paraense vai se preparar para receber a Cúpula do Clima das Nações Unidas. Belém, no Pará, será a sede da COP 30, em 2025.

Quem participou

Participaram da agenda ambiental os países que compõem a OTCA (Organização do Tratado de Cooperação Amazônica): Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela.

Também estiveram presentes as delações dos países de florestas tropicais: República Democratica do Congo, República do Congo e Indonésia.

Além disso, Alemanha e Noruega, doadores regulares do Fundo Amazônia, também participaram.

Repórter de política na Rádio Itatiaia. Começou no rádio comunitário aos 14 anos. Graduou-se em jornalismo pela PUC Minas. No rádio, teve passagens pela Alvorada FM, BandNews FM e CBN, no Grupo Globo. No Grupo Bandeirantes, ocupou vários cargos até chegar às funções de âncora e coordenador de redação na BandNews FM BH. Na televisão, participava diariamente da TV Band Minas e do BandNews TV. Vencedor de 8 prêmios de jornalismo. Já foi eleito pelo Portal dos Jornalistas um dos 50 profissionais mais premiados do Brasil.