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Deputado quer explicações de comandante da PM em Betim após divulgação de áudio atribuído ao militar

Na gravação, homem diz que não é pago para resolver problemas dos subordinados, que há policiais “retardados” e que não comanda “tribo de índio” para ser chamado de chefe

Presidente da Comissão de Segurança Pública, o deputado estadual Sargento Rodrigues (PL) pediu nesta terça-feira (25) que a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) convoque o tenente-coronel da Polícia Militar, José Sérgio Felício, para prestar esclarecimentos sobre um áudio atribuído a ele que circula nas redes sociais.

Não há confirmação de que o homem na gravação é Felício, atualmente comandante do 33º Batalhão em Betim. Além do tenente-coronel, Rodrigues também pediu a convocação do comandante-geral da PM, o coronel Rodrigo Piassi, e do corregedor da instituição, o coronel Murilo César Ferreira.

A ALMG está em recesso e só retorna os trabalhos na próxima terça-feira (1º). O requerimento para realização da audiência pública com as convocações precisa ser aprovado pelos demais integrantes da Comissão de Segurança Pública para que o encontro seja realizado.

Por meio da assessoria de imprensa da Polícia Militar, a reportagem pediu um posicionamento tanto da instituição como do comandante Felício. Em resposta, a PM informou apenas que “tomou conhecimento do referido áudio pelas redes sociais e já adotou medidas para apuração e providências que se fizerem necessárias”

“Policial lerdo, esquisito e retardado”

Na gravação, o homem afirma que “ganha bem para caramba”, mas que não é pago para resolver os problemas de seus subordinados no batalhão. “Não tragam problemas seus para mim porque eu não ganho para resolver problema de ninguém. Vou dar exemplo: 'ô, seu comandante, eu preciso trabalhar de noite para olhar meus meninos de dia porque a minha mulher trabalha’. Problema é seu. Eu não mandei você arrumar menino”, diz.

“'Ô, seu comandante, eu não posso ser movimentado lá para a Casa do Chapéu porque estou com dois meninos pequenos e minha mulher grávida’. Problema é seu”, continua.

Em outro trecho, o homem diz que há um tipo de policial que ele classifica como LER. “Lerdo, estranho, e o que, Carlos?”. Carlos, ao que tudo indica um subordinado, responde e o suposto comandante repete a palavra “retardado": “O cara faz coisas que a gente não consegue imaginar o que passa na cabeça do sujeito. Não consigo entender”, declarou o suposto comandante.

Ao final da gravação, o homem declara que lhe causa irritação quando os subordinados o chamam de chefe. “Eu não comando tribo de índio. Se precisar de uma coisa e querer não conseguir, é só me chamar de chefe. Não gosto. Além disso, não é normativo de tratamento na polícia. Chefe, comando. ‘E aí, comando’. Não. É senhor comandante ou então senhor tenente-coronel. E tem que usar o senhor”, diz.

“Isso é normativo, está no regulamento. E é mimimi meu. Pode falar à vontade. É mimimi mesmo e eu não abro mão. E quer me irritar, quer me tirar do sério, me chama de chefe. Eu nem respondo e se responder vai ser desagradável”, continua.

No requerimento em que pede a realização da audiência pública, Sargento Rodrigues afirma que é necessário esclarecer os fatos e que, caso seja necessário, pedir que a Polícia Militar instaure um procedimento disciplinar. Ainda de acordo com o parlamentar, as falas são “absurdas e autoritárias”.

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