As mineradoras Vale e BHP Billiton continuam, nesta quinta-feira (13), discutindo na Justiça inglesa se a empresa brasileira deve ou não ser ré no processo de indenização bilionário movido por atingidos pelo rompimento da barragem de Mariana.
A ação inicial, feita pelo escritório inglês Pogust Goodhead, é movida apenas contra a BHP por ser sediada em Londres. A empresa britânica, por sua vez, pediu que a Vale também fosse incluída no processa - a mineradora, agora, recorre para que não entre. A reportagem da Itatiaia acompanha, de Londres, as audiências a convite do Pogust Goodhead.
A defesa da Vale falou por mais cinco horas na audiência desta quarta (12), focando principalmente que a empresa já assinou acordos indenizatórios no Brasil, responde a processos na Justiça brasileira e citou, ainda, a realização do Acordo de Brumadinho, feito em indenização ao Estado mineiro pelo rompimento da barragem B1, em 2019.
Nesta quinta, a defesa da BHP vai argumentar pela inclusão da Vale. Na avaliação dos ingleses, como as duas mineradoras dividiam igualmente o controle da Samarco, responsável pela barragem de Fundão, rompida em 2015, as duas, também, precisam responder ao processo britânico caso a BHP seja condenada a indenizar.
Ao todo, o processo movido contra a BHP representa, segundo o Pogust Goodhead, 700 mil atingidos entre pessoas, empresas, prefeituras e entidades. O valor de indenização pedido supera a marca de R$ 230 bilhões.
Na avaliação de um dos sócios do escritório, o advogado inglês Tom Goodhead, a tentativa da BHP para incluir a Vale no processo é, na verdade, uma estratégia das duas empresas para atrasar toda a tramitação. “O que o importa é que eles paguem pelos crimes que cometeram. Essa discussão entre as mineradoras só deveria acontecer depois da conclusão do julgamento”, argumenta.
Protesto
Na manhã desta quinta, cerca de 15 indígenas, quilombolas e representantes dos atingidos pela barragem protestaram em frente à sede da BHP em Londres.
Mais tarde, o grupo seguiu para a sede do governo britânico para entregar uma carta de apelo ao primeiro-ministro Rishi Sunak. Ao chegar no local, os atingidos não encontraram oficiais do governo, mas entregaram a carta a assessores.