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Líder de Zema defende privatizar Cemig e Copasa, mas pede a governador para esperar: ‘tudo ao seu tempo’

Romeu Zema tem indicado em entrevistas que uma das prioridades do governo estadual é a política de privatização

O líder do governo na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), deputado estadual Gustavo Valadares (PMN) confirma que o governador Romeu Zema (Novo) vai enviar projetos de lei com propostas para privatizar a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) e a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) para o Legislativo. Mas ele diz ter aconselhado o governador a esperar um pouco para pautar o tema.

“Tudo ao seu tempo”, disse à Itatiaia em uma entrevista na Assembleia nesta semana. Valadares diz que nem ele, nem o governo, escondem a defesa das privatizações e acredita que um primeiro teste para o Executivo estadual pode ser a desestatização da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig), responsável pela exploração de nióbio na região de Araxá, no Alto Paranaíba.

“Eu tenho dito que esse governo defende privatizações, como o projeto da Codemig, que basta um requerimento para desarquivá-lo na Casa para que ele volte a tramitar. E o governo também defende abertamente a privatização ou outro instrumento para mudar a forma de gestão da Cemig e da Copasa. Nunca escondemos isso e eu nunca escondi isso”, diz o parlamentar.

“Mas nós temos que saber o ‘timing’ e o momento oportuno para mandar os projetos para a Casa. Acredito que, no momento que estamos agora, talvez a tramitação do projeto da Codemig seja um primeiro passo, conjuntamente com a recomposição salarial dos servidores e outros projetos que estão para chegar. Cemig e Copasa? se eu pudesse deixar uma sugestão - e eu tenho dito isso para o governo -, eu esperaria um pouquinho mais para mandar. Não vamos deixar de mandá-los, mas tudo ao seu tempo certo”, aconselha.

Cemig e Copasa: privatização é discurso frequente

As privatizações da Cemig e da Copasa têm ganhado destaque em declarações dos secretários e do próprio governador Romeu Zema (Novo).

No fim de abril, ao lado do secretário de Fazenda, Gustavo Barbosa, em um evento voltado para empresários em Belo Horizonte, Zema disse que enviaria “nas próximas semanas”, os projetos de privatização das empresas públicas. Até o momento, três semanas depois, nenhum deles foi encaminhado ao Legislativo.

Na assembleia, o assunto é tratado com mais cautela pela base governista. A Itatiaia apurou que os deputados da base de governo estão evitando falar do tema antes da chegada dos textos na Casa. A intenção é evitar um desgaste antecipado desnecessário com a oposição e entre os críticos as privatizações.

Oposição vê prioridade em outras questões

Do outro lado da bancada, o líder do Bloco de Oposição, deputado estadual Ulysses Gomes (PT), afirma que este tema não deveria ser prioridade do Governo de Minas. Segundo o petista, há questões mais urgentes para serem discutidas - ao se referir a investimentos na saúde e na educação.

"É triste porque não é essa a pauta da sociedade, que são os serviços públicos de saúde, que nós temos que acelerar. Temos um gargalo que vem desde a pandemia de serviços importantes que precisam ser regularizados, que precisamos investir. Precisamos discutir a questão da educação de forma mais séria da parte do governo. Quem roda nas escolas estaduais sabe que temos problemas de estrutura, de valorização dos profissionais. Nesse sentido, o governo quer destoar aquilo que é a necessidade do povo”, disse.

Gomes diz, ainda, que o governo estadual deixa de realizar investimentos nas estatais para facilitar sua venda.

“Você pega a Cemig, que é uma empresa lucrativa, que o próprio presidente apresenta avanços, investimentos importantes. O governo, na verdade, está fazendo com que a empresa que tem competência e é lucrativa distribua dividendos para os acionistas, mas não pega o dinheiro e investe em qualidade. O que ele quer promover com isso é que o cidadão reclame mais para que ela seja vendida”, afirmou.

O deputado da oposição ainda critica o governador pelas reiteradas críticas feitas à estatal em entrevistas e discursos recentes seja ao oferecer um serviço de baixa qualidade ou que a Cemig não tem investido em Minas Gerais como deveria.

“Quando se aponta a precariedade é prova da incompetência do próprio governador que, ou está cobrando errado ou indicando uma diretoria que não é capaz de fazer com que uma empresa lucrativa use desse lucro para investir em todas as regiões do estado”, afirmou.

Apesar das declarações do primeiro escalão, o Governo Zema ainda não cravou quando irá enviar os projetos de privatizações para a Assembleia e nem sobre as estimativas de valores que devem ser movimentados nas transações.

Repórter de política na Rádio Itatiaia. Começou no rádio comunitário aos 14 anos. Graduou-se em jornalismo pela PUC Minas. No rádio, teve passagens pela Alvorada FM, BandNews FM e CBN, no Grupo Globo. No Grupo Bandeirantes, ocupou vários cargos até chegar às funções de âncora e coordenador de redação na BandNews FM BH. Na televisão, participava diariamente da TV Band Minas e do BandNews TV. Vencedor de 8 prêmios de jornalismo. Já foi eleito pelo Portal dos Jornalistas um dos 50 profissionais mais premiados do Brasil.
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