A Polícia Federal instaurou um inquérito para investigar a compra de 19 toneladas de bisteca, pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) - durante governo de Jair Bolsonaro (PL) que deveriam, mas nunca foram entregues às comunidades que vivem no Vale do Javari. A informação foi confirmada pelo ministro da Justiça e da Segurança Pública, Flávio Dino (PSB), nesta terça-feira (16).
O caso foi revelado pelo jornal Estado de S. Paulo nesta semana em uma série de reportagens sobre compras do governo federal. De acordo com a publicação, 19 toneladas de bisteca foram adquiridos pela Funai para comunidades indígenas que vivem na região do Alto Solimões, no Amazonas. Nos entanto, os moradores da região do Vale do Javari - que se tornou conhecida por ser a região onde o indigenista Bruno Pereira e o jornalista britânico Dom Phillips foram assassinados - nunca receberam os alimentos.
A reportagem também revelou que o órgão pagou R$ 260 por quilo de pescoço de galinha que seriam enviados a indígenas das etnias Mura, além de funcionários da própria Funai em Manicoré (AM). Sardinha e linguiça calabresa também foram comprados pelo órgão para indígenas Yanomâmi, que não consomem este tipo de alimento.
A Funai se manifestou sobre o assunto e disse que a atual gestão identificou “possíveis inconsistências” no relatório da gestão anterior.
“Todos os contratos vigentes tanto nas 40 unidades descentralizadas, quanto na Sede da Funai em Brasília, estão sendo analisados pelas áreas técnicas e, caso identificadas inconsistências técnicas ou jurídicas, as medidas cabíveis serão tomadas por esse órgão”, diz a entidade em nota.
A Fundação diz, ainda, que a gestão identificou ausência na qualificação dos itens das cestas básicas destinadas aos povos indígenas e que a gestão anterior “não teve o cuidado prévio em respeitar e melhor atender as especificidades e hábitos alimentares dos diferentes povos”.