Ouvindo...

Carros voltarão a ter preços populares no Brasil? Entenda medidas estudadas pelo governo

Governo federal anuncia intenção de reduzir valor dos carros de entrada, os chamados ‘carros populares’ - vendidos hoje por cerca de R$ 70 mil - mas Planalto enfrenta incertezas e desafios

Governo federal anuncia intenção de reduzir preço dos ‘carros populares’, mas enfrenta desafios na economia

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, fizeram nas últimas semanas declarações sobre a necessidade de que o Brasil volte a ter carros com preços populares.

Hoje, segundo levantamento feito pela reportagem da Itatiaia, os dois carros mais baratos vendidos no Brasil - o Renault Kwid e o Fiat Mobi - custam entre R$ 66 e 75 mil.

“No Brasil, não tem mais carro popular. Como uma pessoa pobre compra um carro de R$ 70 mil? Se já mudamos as coisas uma vez, por que não podemos mudar de novo?”, disse Lula na semana passada.

“Popular é um carro mais barato, mais simples. E o povo não gosta também desse nome ‘popular’, porque quando fala vai comprar um carro popular, uma geladeira popular, um fogão popular, tudo é rebaixar a gente. As pessoas gostam de comprar o que podem, mas aquilo que ele comprou é o melhor. Então por que codificar de popular? Vamos fazer carros a preços mais compatíveis, aumentar as prestações”, afirmou Lula durante reunião no ‘Conselhão’.

A redução no preços dos automóveis passou a ser considerada pauta importante para o governo federal e as conversas estão sendo encabeçadas pelo vice Geraldo Alckmin, chefe do ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

Negociações

Desde o mês passado, Alckmin se reúne com representantes de montadoras para discutir medidas que possam resultar em um preço mais em conta para os motoristas. “Recebi a diretoria da Renault para debatermos propostas que fortaleçam o setor automotivo. O presidente Lula está empenhado em retomar o vigor da nossa indústria automobilística, que é grande empregadora”, anunciou Alckmin.

O governo espera anunciar um pacote de medidas voltadas para o setor no dia 25 de maio, data em que se comemora o Dia da Indústria. No entanto, a maneira de fazer com que os preços mais acessíveis cheguem nas concessionárias ainda não foi fechada pelo Planalto.

A intenção de Lula é que os carros de entrada - modelos compactos e motor 1.0, os veículos mais baratos das montadoras -, sejam reduzidos para valores entre R$ 50 mil e R$ 60 mil.

Desafios

O governo discute linhas de créditos diferenciadas para o setor fabril e reduções tributárias, além de um programa para facilitar o financiamento de veículos.

A implementação do plano, porém, promete ser de difícil execução, uma vez que o governo busca aumentar a arrecadação para cumprir as metas previstas no novo marco fiscal e o setor automotivo ainda se recupera de anos turbulentos da pandemia. Muitas fábricas sofreram com paralisações nos últimos dois anos.

De acordo com relatório mensal da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), divulgado no dia 8 de maio, os números apontam queda na produção e nas vendas de automóveis.

“Das 13 paralisações de fábricas registradas no ano, 9 delas ocorreram em algum período de abril, o que afetou o volume de produção no mês. O total de 178,9 mil unidades produzidas foi 19,4% inferior ao de março e 3,9% menor que o de abril do ano passado, quando a crise dos semicondutores estava em seu momento mais crítico. No acumulado do ano, 714,9 mil auto veículos foram produzidos no país, alta de 4,8% sobre o primeiro quadrimestre de 2022”, diz a associação.

“O balanço apresentado pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores apontou queda nos volumes de emplacamentos em abril, em parte justificada pelos 5 dias úteis a menos em relação a março. As 160,7 mil unidades emplacadas representaram um recuo de 19,2% sobre o volume de março, e um acréscimo de 9,2% sobre o mesmo mês do ano passado”, diz o relatório.

Editor de Política. Formado em Comunicação Social pela PUC Minas e em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Já escreveu para os jornais Estado de Minas, O Tempo e Folha de S. Paulo.