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Deputada de Minas quer nome da primeira vítima de homofobia no Brasil no Livro dos Heróis da Pátria

Tibira do Maranhão, que era indígena e homossexual, foi assassinado com uma bala de canhão no século 17; homenagem é reivindicada por Célia Xakriabá, ao lado da colega Erika Hilton

Célia Xakriabá é uma das parlamentares a reivindicar homenagem a Tibira do Maranhão

O índio tupinambá Tibira do Maranhão, considerado pela historiografia nacional a primeira pessoa morta no Brasil por crime de homofobia, pode passar a constar no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria. A articulação pela homenagem ao nativo, assassinado em 1614, tem a participação da deputada federal Célia Xakriabá, do Psol de Minas Gerais.

Célia e a colega de partido Erika Hilton, eleita por São Paulo, assinaram um Projeto de Lei (PL) pedindo a inclusão do nome de Tibira no livro. O texto foi apresentado à Mesa Diretora da Câmara dos Deputados na última quarta-feira (19).

Tibira morreu executado por uma bala de canhão. O assassinato aconteceu no Forte de São Luís do Maranhão. A morte do indígena é contada no livro “Viagem ao Norte do Brasil feita nos anos de 1613 e 1614”, do missionário francês Yves d’Évreux.

Na visão de Célia Xakriabá e Erika Hilton, a inscrição de Tibira do Maranhão no Livro dos Heróis da Pátria mostraria que o Brasil “acolhe a existência e o heroísmo de quem foi morto por ousar ser quem se era”.

“Sua morte brutal é um símbolo da violência e discriminação histórica que pessoas LGBTI+ e povos indígenas sofrem no Brasil desde os tempos coloniais. Ao incluir o nome de Tibira no Livro dos Heróis da Pátria, o Estado reconhece a sua importância para a história do país, bem como a luta de todas as pessoas LGBTI+ e dos povos indígenas que enfrentam diariamente o preconceito e a discriminação”, lê-se em trecho da justificativa do projeto.

O livro sobre os Heróis da Pátria está no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves. O memorial fica sediado em Brasília (DF).

Célia Xakriabá é a primeira mulher indígena a ser eleita deputada federal por Minas Gerais. Na Câmara, ela preside a Comissão da Amazônia e dos Povos Originários e Tradicionais.

Graduado em Jornalismo, é repórter de Política na Itatiaia. Antes, foi repórter especial do Estado de Minas e participante do podcast de Política do Portal Uai. Tem passagem, também, pelo Superesportes.