Com o fim das atividades do aeroporto Carlos Prates no último dia 1º de abril, a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) debateu nesta segunda-feira (10) qual será a destinação da área a partir de agora. Entre as propostas apresentadas estão a construção de 2 mil moradias sociais no local, um parque e uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) destinada ao atendimento da população da região Noroeste.
Após a desativação, corre o prazo de 60 dias para que as aeronaves sejam retiradas do local. Defensores de que o aeroporto continue funcionando, no entanto, se queixam do fim das operações do local e afirmam que não há um planejamento claro para transferir as atividades — como as escolas de aviação e o Aeroclube de Minas Gerais — para outro aeroporto.
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Propostas ainda serão discutidas
A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), que agora é a responsável pelo terreno, foi representada na ALMG pela assessora especial Natália Araújo. Segundo ela, ainda não há um projeto definido para a área porque a PBH não poderia gastar dinheiro público para planejar o uso de um local que ainda não lhe pertencia.
“Esse projeto será construído com ajuda de cada pessoa”, disse ela, que acrescentou que o prefeito Fuad Noman (PSD) a orientou a ouvir todos os envolvidos, incluindo quem foi afetado pela desativação do aeroporto. Recentemente,
“Quem dera se todos os espaços públicos tivessem sido pensados dessa maneira tão democrática e aberta, em que a população pudesse pensar numa cidade para todos, inclusiva e que respeita o Plano Diretor, o meio ambiente e as condições de mobilidade”, afirmou Natália Araújo.
A professora da PUC Minas, Rachel Almeida, liderou um projeto que ouviu as demandas da população que vive no entorno da área do aeroporto nos últimos dois anos. “O pedido da comunidade é que essa área verde seja um parque que abrigue equipamentos públicos que podem ser destinados a atividades culturais, esportivas, educacionais e de saúde”, afirmou ela. As moradias sociais também foram citadas pela professora.
O vereador de Belo Horizonte, Bruno Pedralva (PT), defendeu que a instalação na área de saúde seja uma UPA destinada ao atendimento da região Noroeste. “A comunidade em torno do aeroporto Carlos Prates é atendida na UPA Pampulha. É um espaço que não dá conta de atender essa comunidade toda”, disse ele.
Deputados e associação apontam problemas
O deputado estadual Alencar da Silveira Jr. (PDT) se colocou contra o fechamento do aeroporto Carlos Prates principalmente devido aos planos futuros para o local. “Fechar o aeroporto é voltar ao passado. Sou contra porque temos que ver o que vamos fazer lá. Nós não temos condições viárias de alocar ali 2.200 famílias, como foi colocado pelo prefeito. Nós vamos entupir a rua Padre Eustáquio e a rua Pará de Minas”, afirmou.
Outro que criticou a ausência de planejamento foi o deputado estadual Bim da Ambulância (Avante), que é piloto. “O problema não é parar com as operações, mas como isso está sendo feito”, opinou. “Nós vamos decolar o aeroporto Carlos Prates e nós vamos pousar ele aonde? A gente tem que trazer coisas objetivas”. Ele apontou que os locais apontados como solução, como o aeroporto da cidade de Cláudio e os aeródromos de Conselheiro Lafaiete e Pará de Minas não têm a infraestrutura necessária para receber as atividades do aeroporto Carlos Prates.
Presidente da Associação Voa Prates, que é contra o fechamento do aeroporto, Estevan Velásquez afirma que a decisão pelo fim das atividades foi tomada de forma açodada. Ele citou, por exemplo, que pilotos das forças de segurança pública de Minas Gerais são formados e treinados no Carlos Prates e que o local também serve como base para ações contra incêndios ambientais.
“Estamos falando de transferir um aeroporto com 15 empresas e mais de 500 empregos. Para onde vão essas pessoas? Eu queria que alguém respondesse. Vamos primeiro fechar para depois ver o que vai acontecer?”, questionou.
Na visão dele, o motivo para o fechamento do aeroporto não é a segurança.