Ouvindo...

Ex-sócio de Perrella ‘dribla’ proibição e fatura R$ 118 milhões em licitações com o Governo de Minas

Adriano Veloso Barbosa e Alvimar Perrella são alvos de uma operação do MP que investiga fraudes em licitações em Minas

Escritório da HR Refeições foi alvo de mandado de busca e apreensão na última semana

Adriano Veloso Barbosa, ex-sócio de Alvimar Perrella - que é ex-presidente do Cruzeiro - conseguiu “driblar” uma proibição de assinar contratos com o Governo de Minas Gerais e, nos últimos quatro anos, faturou R$ 118 milhões. Ele foi sócio de Perrella na Stillus Alimentação, uma empresa que, desde agosto de 2019, está impedida de vender quentinhas para penitenciárias do estado, mas segue no mesmo ramo.

Barbosa foi um dos alvos da Operação Baião de Dois, do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), que, na última semana, cumpriu sete mandados de busca e apreensão para recolher provas para uma investigação de fraude em licitações. Outro alvo da operação foi o próprio Alvimar Perrella, que teve sua casa, em Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte, vasculhada pelos investigadores. Ele não estava no local. O processo corre em segredo de Justiça.

O MPMG suspeita que o grupo ligado a Alvimar criou outras três empresas que simulavam ser concorrentes para, dessa forma, participar de processos de licitação e assinar contratos milionários com o Estado.

Novas empresas, novos contratos

Duas dessas empresas têm Adriano Veloso Barbosa, ex-sócio da Stillus, em seu quadro societário: Consórcio 2021 e HR Refeições. Foi no endereço desta última, localizada no Barro Preto, em Belo Horizonte, que os investigadores bateram na porta para cumprir um dos mandados de busca e apreensão da Operação Baião de Dois.

A Consórcio 2021 foi criada há dois anos e, desde então, já recebeu dos cofres estaduais, R$ 60,5 milhões entre 2021 e 2023.

Já a relação da HR Refeições com o Governo de Minas vem desde 2019, quando recebeu R$ 17 mil da Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de MG). Os valores foram aumentando até atingirem R$ 22,6 milhões em 2022. De 2019 para cá, os contratos somam R$ 58 milhões.

Veja quanto faturaram as empresas de Adriano Barbosa em contratos com o Governo de Minas:

Por meio de nota, a HR Refeições afirmou que foi “surpreendida com a busca e apreensão de documentos que, se previamente solicitados, seriam prontamente apresentados ao Ministério Público, já que nem empresa, nem seu representante, foram instados a se manifestar para esclarecer os fatos. Oportunamente, a empresa reafirma sua lisura, transparência e correição na participação de processos licitatórios, sempre prestando serviços com qualidade e eficiência, bem como sua inteira disponibilidade perante as autoridades investigadoras”.

A Itatiaia também entrou em contato com o Governo de Minas e questionou o fato de uma pessoa ligada a uma empresa declarada “inidônea” conseguir firmar contratos com a administração pública estando à frente de novas empresas. O Executivo estadual não respondeu aos questionamentos da reportagem.

Editor de política. Foi repórter no jornal O Tempo e no Portal R7 e atuou no Governo de Minas. Formado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tem MBA em Jornalismo de Dados pelo IDP.