O senador e ex-juiz federal Sergio Moro (União) perdeu uma ação na justiça do Paraná em que pedia que o jornalista norte-americano Glenn Greenwald excluísse de suas redes sociais publicações em que era chamado de “juiz corrupto”. Moro também pedia R$ 200 mil em indenização por danos morais.
Moro venceu a disputa judicial em primeira instância, mas Glenn recorreu. A derrota em segunda instância, na 8ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Paraná, se deu por dois votos a um. Os desembargadores Hélio Henrique Lopes Fernandes Lima e Gilberto Ferreira votaram pela plena garantia da liberdade de imprensa no caso. Luciano Carrasco Falavinha de Souza deu o voto em contrário.
À Folha de S. Paulo, o advogado que representa o jornalista no processo, José Renato Gaziero Cella comemorou a decisão.
“O tribunal reconheceu o direito que o Glenn tem de chamar o juiz corrupto de juiz corrupto. Pessoas públicas estão sujeitas a críticas. O próprio Moro é contundente contra os seus críticos”, afirmou.
Já a advogada Carolina Padilha, que defende Moro na ação, disse que o comentário de Glenn não se tratava de uma reportagem baseada em fatos, mas de uma ofensa.
"É evidente que a gente está muito além de uma crítica e de uma reportagem jornalística baseada em fatos. A gente está trazendo uma acusação totalmente direta, que é o crime de corrupção. Estamos falando de um jornalista renomado, sério e conhecido nacionalmente, que certamente conhece o conceito de corrupção e certamente o utilizou com a intenção de ofender”, acusou.
‘Vaza Jato’
Glenn Greenwald esteve à frente do site The Intercept no momento da publicação de uma série de reportagens que ficou conhecida como “Vaza Jato”. As matérias revelaram trocas de mensagens entre o então juiz Sergio Moro e procuradores da Operação Lava Jato que sugeriam conluio entre as partes com o objetivo de orientar operações contra alvos das investigações.
No Twitter, Glenn se disse “grato e honrado por ter conquistado para o Brasil o direito de chamar Moro de ‘juiz corrupto, porque ele é".
“Ele passou anos atacando Bolsonaro e Lula por não respeitar o direito da imprensa de criticar os políticos, mas me processou para silenciar minhas críticas”, afirmou.
Glenn criticou ainda o fato de Moro tê-lo processado em Curitiba, sua cidade, quando tentava provar, na Justiça, que vivia em São Paulo para poder ser candidato ao Senado por lá.
“Mas ele me processou em Curitiba, insultando os juízes por pensar que teria um tratamento favorável. Ele não perdeu só, mas perdeu em Curitiba”, afirmou.
